Obama pressiona Congresso para avançar com reforma da imigração
Presidente dos Estados Unidos agendou discurso em Las Vegas para apoiar os esforços legislativos em Washington.
Um dia depois do “gang dos oito” senadores de ambos os partidos terem divulgado um rascunho para uma “reforma abrangente”, o Presidente vai insistir na necessidade de avançar rapidamente da fase da discussão para a votação de propostas, num discurso em Las Vegas marcado para esta terça-feira.
Barack Obama elegeu a reforma da imigração como uma prioridade para o seu segundo mandato. Em causa está a regularização da situação de milhões de trabalhadores clandestinos, além da entrada de novos residentes nos Estados Unidos.
Segundo oficiais da Casa Branca citados pela imprensa americana, o discurso de Las Vegas servirá para o Presidente recordar os termos que pretende ver vertidos para a nova legislação. Será, adiantaram, uma “revisitação” do discurso sobre o tema que Barack Obama fez no Texas em 2011, e no qual defendeu um “caminho para a legalização” dos trabalhadores que vivem à margem do sistema.
A Casa Branca está consciente que as eleições de Novembro criaram condições políticas para avançar com a nova legislação – Obama quer aproveitar o ambiente propício à reforma, mas não deverá ir mais além do exercício da sua influência, referiram as mesmas fontes. Ao lado do Presidente vão estar líderes sindicais, comunitários e religiosos.
O Presidente vai referir-se especificamente à chamada “comunidade latina”, um bloco demográfico que está desproporcionalmente representado entre os ilegais. Os “hispânicos” são, também, uma importante fatia do eleitorado e o seu apoio foi fundamental para a reeleição de Barack Obama.
Os senadores que lideram as negociações relativas à reforma da imigração anunciaram ter já chegado a consenso sobre os princípios gerais da reforma.
O rascunho prevê o estabelecimento de critérios “duros mas justos” para a legalização de milhões de imigrantes que entraram ilegalmente nos Estados Unidos. O Congresso deverá definir processos diferenciados para as pessoas que vieram para os Estados Unidos por escolha própria enquanto adultos, e aqueles que chegaram como crianças. Um outro sistema à parte é reservado a trabalhadores altamente qualificados – um programa para “os melhores e os mais capazes”.
Os trabalhadores sem documentos terão de ter o registo criminal limpo, fazer prova do pagamento de impostos e saber falar inglês para conseguir o visto de trabalho e residência – um primeiro passo para a obtenção da cidadania. Enquanto os seus processos estiverem em tramitação, não serão elegíveis para nenhum programa de ajuda federal.
Os senadores pretendem também reforçar a vigilância e o controlo das fronteiras terrestres, disponibilizando mais meios humanos e equipamento – nomeadamente aviões não pilotados – para evitar o contrabando e os atravessamentos ilegais.
De acordo com o democrata Chuck Schumer, de Nova Iorque, é possível que uma proposta de lei possa chegar ao plenário já no final de Março ou Abril, para ser votada no fim da Primavera ou antes das férias de Verão.
A opinião pública americana está de acordo com a agenda do Presidente. A última sondagem da CBS News revela que 51% dos americanos concorda que os trabalhadores clandestinos nos Estados Unidos devem poder candidatar-se à cidadania, e 20% entende que devem ter direito a um visto de trabalho.
Mas a questão é politicamente sensível, e não é garantido que a bancada republicana disponha, para já, dos votos necessários para fazer passar a legislação.