Primeiros documentários sobre a PIDE prontos no Verão
Trata-se de um conjunto de seis filmes de uma hora cada um, co-realizados pelo jornalista Jacinto Godinho e com a colaboração da historiadora Irene Pimentel, e deverão ser transmitidos em 2009, adiantou à agência Lusa Irene Pimentel, Premio Pessoa 2007.
Segundo a historiadora, "há hoje mais interesse pela nossa história recente, e em especial pelos seus aspectos mais obscuros e traumáticos", mas - acrescenta - "é preciso que isso não seja só uma memória subjectiva ou individual".
Entre as gerações mais novas, nascidas já depois do derrube da ditadura, em 1974, "há quem nem sequer saiba o que foi a PIDE", realçou Irene Pimentel.
Muitos jovens ignoram também "a cultura de denúncia" existente então em Portugal. número de informadores que colaboravam com a PIDE é igualmente difícil de avaliar - comentou a historiadora - porque "há listas que foram queimadas" e em alguns relatórios conservados na Torre do Tombo "há nomes que foram apagados".
A série está organizada por temas, entre os quais "A PIDE e o PCP", "A PIDE e a Extrema-esquerda" e "A PIDE na Guerra Colonial".
"No final do regime, havia mais agentes da PIDE nas colónias do que na metrópole", referiu Irene Pimentel.
Irene Pimentel é investigadora do Instituto de História Contemporânea, da Universidade Nova de Lisboa, e publicou, entre outros títulos, "A História da PIDE", "Mocidade Portuguesa Feminina" e "Judeus em Portugal durante a II Guerra Mundial".
Jacinto Godinho é jornalista e tem um longo percurso ligado à reportagem com vários trabalhos premiados em Portugal e no estrangeiro, como por exemplo, Prémio STENDHAL da Fundação ADOLPHI de Géneve (1995 por “Tráfico de Mão-de-Obra Clandestino" e, mais recentemente, o Prémio Gazeta (2007) pela reportagem “Ei-los que partem – história da emigração portuguesa”.