Israel-Palestina. Alan não quer vingança, Dima só vê uma solução "óbvia"

“Não podemos pintar o mundo a preto e branco”, a reconciliação “é possível e vai concretizar-se”, defende investigadora palestiniana.

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A mais recente escalada de violência entre Palestina e Israel, que teve início após os ataques do Hamas no dia 7 de Outubro, é apenas “um episódio de uma história que começou há pelo menos 75 anos”. Quem o defende é Dima Mohammed, investigadora especializada em argumentação política e coordenadora do ArgLab, na Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa. 

Para a palestiniana radicada em Portugal o discurso político “piorou muito”, nas últimas semanas. “Infelizmente, acho que as dicotomias falsas estão a impedir uma solução sustentável à questão Palestina-Israel. Não só distorcem a realidade, mas estão a impedir qualquer caminho para um melhor futuro, de justiça e de paz”, diz. 

Alan Stoleroff, professor de sociologia no ISCTE e judeu norte-americano, também a viver em Portugal, acredita que o discurso do Governo israelita reflecte uma “tentativa expressa e intencional de suprimir as críticas das políticas actuais do Estado de Israel, que não é idêntico ao povo judaico”. 

Activista pelos direitos dos palestinianos, Stoleroff afirma que “não se pode subestimar o efeito do choque [dos ataques de 7 de Outubro, para o povo de Israel]”. Um choque “de grande violência” e “de realização de que não eram invencíveis”, que terá alimentado uma vontade de vingança. A essa ambição Alan Stoleroff responde: “temos de decidir entre a vida ou a vingança. Mas a vingança não tem futuro”. 

No 48º dia após o início deste conflito, Dima não perdeu a esperança num futuro “onde os dois povos, israelita e palestiniano, vivem juntos num país onde serão iguais”. Uma solução “óbvia” que deve ser partilhada. “Parte de concretizar este sonho é falar deste sonho. Temos de manter ouvidas as nossas vozes de esperança”. 

Começou esta sexta-feira o primeiro de quatro dias de cessar-fogo na Faixa de Gaza.