Provavelmente afashionistamais jovem do mundo

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Tavi Gevinson tem 13 anos e inicialmente duvidavam que fosse mesmo ela, uma menina de Chicago, a autora do blogue Style Rookie. Convidada de honra na Semana de Moda de Nova Iorque, tornou-se numa musa-espelho de como os blogues de jovens são cada vez mais lidos e inspiradores para os próprios designers .Tor sum ad te modo od tat ex et, velenis odolore diat, venisim endiam dunt lore tat essequat nonse essequisis ectet er sit niatLorem diamet ex ecte dunt ver sectem in eu facip ea at adipLorperatum dolorerat, quisi.Wis eum exeraesequis eugiamc ommolortion et wisl ullamco nsenism odipis do consequ ipsusto

O pregão muito repetido de um anúncio a uma marca de batatas fritas dos anos 1990 perguntava: Até que idade pensas divertir-te? Tavi Gevinson, a bloguista de moda mais falada nas últimas semanas, não era sequer nascida quando esse anúncio infectou a cultura popular. E perante ohypeque rodeia esta menina judia de 13 anos cujo discurso debat mitzvahse focou num elogio a Rei Kawakubo, a discretíssima criadora japonesa da Comme des Garçons, surge outra pergunta: a partir de que idade se pode ser uma influentefashionista?

Já se sabe que tudo o que é novo é um chamariz para a moda. E que os fenómenos que se fazem numa estação podem automaticamente ser desfeitos na estação seguinte. Há que invocar as muito citadas palavras de Heidi Klum no seuProject Runway(SIC Mulher): na moda, num dia está-sein, mas no outro está-seout. Tavi Gevinson foi uma das sensações da semana de moda de Nova Iorque, que findou no dia 17. O seu álbum de fotografias foi enriquecido com imagens suas ao lado de Yohji Yamamoto, o sacerdote da moda conceptual e arquitectónica japonesa, de Alexander Wang, o novo menino querido das fashionistas americanas, ou naVogue como uma das convidadas dos desfiles mais cobiçados.

Ela é uma fã, uma comentadora e seguidora da moda que se faz no século XXI. Tem apenas 13 anos e dez estações de moda a separam da sua maioridade. Mas entretanto, graças ao seu blogue que revela uma compreensão precoce, um sentido crítico apurado e um discurso sobre a moda enquanto expressão artística e cultural, tornou-se uma pequena celebridade no meio. E é mais um sintoma de que os blogues de moda e os fashionistas (simplificando, alguém que promove a moda de autor ou que se veste de acordo com as tendências mais irreverentes) são cada vez mais uma fonte de inspiração, de divulgação e de... tendências.

Os blogues de jovens apaixonadas por moda espelham não só a adoração que os adolescentes têm pela moda e pelo seu aspecto, mas também a forma como o momento de crise pode incentivar mais gente a compor uma imagem a partir de peças mais baratas, feitas em casa, vindas de lojas em segunda-mão e apenas uma, mas insubstituível, peça mais cara de autor. O inverso também se verifica: Marc Jacobs baptizou uma das suas malas de 2008 como BBem homenagem à jovem bloguista Bryan Grey-Yambao, que muito a elogiou naweb; as empresas de pesquisa de tendências como a WGSN fazem-se acompanhar de jovens de 12 e 13 anos para ver o que mais as titila nos eventos de moda. Há muito que algumas modelos cheias de estilo servem de inspiração a designers, que as vêem como as relações públicas perfeitas. Numa altura em que a idade das novas modelos é sub-18, também as novas musas estão a roçar a infância.

Uma diminuta "totó"

Tavi Gevinson descreve-se como "uma diminuta totó de 13 anos que fica em casa o dia todo a usar casacos estranhos e chapéus bonitos. Espalha pétalas negras nos degraus da entrada de Rei Kawakubo e faz-lhe serenatas em rap". É o que se lê na apresentação do seu perfil de bloguista no blogue Style Rookie (qualquer coisa como caloira do estilo). Está no 8º ano, é filha de uma artista e de um professor de Inglês de liceu e está a lerNão Matem a Cotovia, de Harper Lee. Sentiu, perante o fogo-de-artifício que comemorava a eleição de Barack Obama, que ele era "uma nova luz a brilhar por uma nova esperança", como escreveu no seu blogue.

O Style Rookie nasceu em Março de 2008. Debruçou-se sobre ícones da moda (Twiggy, Marimekko), sobre os padrões interessantes (florais) e a autora começou a tirar fotos de si mesma com roupas combinadas com estilo. Em Julho, já era alvo de um pequeno artigo naNew York Magazine. Este ano, já foi capa da revistaLovee do número de Setembro (o mais importante das revistas de moda) da recém-relançada revistaPop- para a qual já conduziu entrevistas. Em 2008, foi uma das perfiladas pela revista doNew York Timese pelaTeen Voguee vários meios de comunicação dos velhos e novos média, doGuardian ao Huffington Post, escrevem sobre este mini-fenómeno que se sentou nas primeiras filas dos mais importantes desfiles da semana de moda de Nova Iorque.

Mas voltando ao valor-símbolo de Tavi Gevinson, ela é a face mais jovem de um fenómeno representativo da comunicação de massas versão 2 ou mesmo 3.0. Há blogues como o The Sartorialist, Face Hunter (convidado em 2007 da ModaLisboa) ou o Go Fug Yourself. Na televisão há reality showscomoThe Fashionista Diaries(canal E!) ou as sériesThe CityouThe Hills (MTV) que têm como pano de fundo as profissões das protagonistas - a trabalhar em revistas de moda. A moda é só mais um dos mundos em que as câmaras e os média pessoais tentam entrar para mostrar o que nunca antes tinha sido visto, com o chamariz de se tratar de um sector conhecido pelo seu elitismo e difícil permeabilidade.

E também representa uma vaga de jovens, menores, bloguistas (é procurar pelo Childhood Flames, Fashion Robot ou The Fashion Void that is DC), que se fotografam, que se expõem ao reconhecimento mediático, que podem até abrir as suas contas no Blogger sem o conhecimento dos seus pais. Foi o caso de Tavi, que faltou às aulas durante uma semana neste mês de Setembro para estar na Semana de Moda de Nova Iorque e cujo pai só soube da existência do Style Rookie quando a filha lhe pediu autorização para figurar na reportagem do New York Times em Agosto de 2008. "Não estava terrivelmente interessado em ver" o blogue, confessou à Associated Press.

Mas depois foi confrontado com o lado negativo da fama da filha - no primeiro artigo da New York Magazine, questionavam a sua idade e se seria mesmo ela a escrever os textos. Os comentáriosonlinenão ajudavam e Tavi leu-os. Nessa noite, dormiu com os pais. Quando acordou, disse-lhes "e isto parte mesmo o coração - "Acabei de acordar a chorar e nem sei por que é que estou a chorar"", recorda Steve Gevinson. Algum tempo depois, voltou a escrever. "Prefiro que ela decida parar do que dizer-lhe para parar", explicou o pai, considerando saudável que ela tenha decidido retomar a sua narrativa pessoal sobre a moda aos olhos de umatweenie.

Um ano depois do seu primeiro solavanco, Tavi Gevinson atingiu uma espécie de clímax. Em Dezembro, como recorda o Guardian, já tinha tido um momento de felicidade extrema, quando as irmãs Kate e Laura Mulleavy, responsáveis pela marca Rodarte, lhe enviaram umemailcongratulatório. "Tavi faz-nos pensar nas coisas de forma diferente, faz-nos ver as coisas de forma diferente", explica Kate Mulleavy aoWall Street Journal, indicando que na próxima estação ela será a musa da Rodarte.

O seu olhar, inevitavelmente fresco, sobre a moda e a forma como tenta fazer em casa peças criadas pelo mago da escola belga Martin Margiela, por exemplo, tornam-se um pasto irresistível para os observadores e para os próprios criadores da moda. Como dizíamos acima, o que é novo e moda são quase sinónimos, mesmo quando revisitam ou brincam aos clássicos. "Gosto de criar personagens", dizia Tavi ao New York Times. "Por exemplo: estou a usar uma camisola longa, óculos e um blazer colorido. Sou uma rapariga de 23 anos que vive em Washington e gosto de visitar cafés pitorescos".

Já na Semana de Moda de Nova Iorque, ladeada pelo seu pai a todo o momento, confessava a sua surpresa pela forma como, de repente (ou apenas num ano e meio) o seu estatuto explodiu. Nessa semana, foi a bloguista convidada para comentar os desfiles para a revista Pop. Foi o seu primeiro emprego pago. E resumia assim a sua experiência: "Durante uma semana estive numa utopia cheia de pessoas que sabem que o meu casaco é Luella [Bartley, uma criadora de moda britânica] e que gostam que eu tenha enfiado uma boneca de pernas para o ar no seu bolso".

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