Pelo menos 40 mil hectares ardidos no continente desde o início do mês

Às 22h30 contabilizavam-se 432 ocorrências desde o início do dia, das quais 165 se mantinham activas. A essa hora ainda havia 14 incêndios importantes.

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O incêndio que apresenta maior área ardida (8752 hectares), começou no concelho de Ponte de Lima e devastou parte da Serra d´Arga. Dato Daraselia

Só desde o início deste mês já arderam, pelo menos, 40 mil hectares de floresta, segundo os dados do Sistema Europeu de Informação de Fogos Florestais (conhecido pela sigla EFFIS), que, através de imagens de satélite, contabiliza quase em tempo real a área ardida. O valor é cinco vezes superior ao que tinha ardido até ao final de Julho (7461 hectares), segundo dados do Instituto da Conservação da Natureza e das Florestas. E maior do que o total da área ardida em anos como 2007 e 2008.

Mesmo assim, a área ardida deve ficar dentro da média 2005-2014, que a 15 de Agosto registava quase 56 mil hectares. O PÚBLICO só contabilizou os incêndios que deflagraram em Agosto e estes somavam 39.805 hectares. De fora ficaram os fogos que começaram ainda em Julho e se prolongaram por Agosto. O incêndio que apresenta maior área ardida (segundo o EFFIS arderam 8752 hectares) nasceu na segunda-feira passada em Cabração, no concelho de Ponte de Lima, e devastou parte da Serra d´Arga. Segue-se o fogo de Rossas, em Arouca, que entre sábado e terça-feira destruía a Serra da Freita, tendo consumido uma área de 3734 hectares

Esta quarta-feira a situação não acalmou no continente e às 22h30 o site da Autoridade Nacional de Protecção Civil contabilizava 14 incêndios importantes, cinco no distrito de Aveiro, quatro no de Viana do Castelo e um em outros cinco distritos do Centro e Norte. A gravidade da situação no distrito de Aveiro levou a Comissão Distrital de Protecção Civil a activar na tarde de quarta-feira o plano de emergência, o terceiro distrito a fazê-lo depois do Porto e de Viana do Castelo.

Desde segunda-feira que as chamas continuam a destruir o único parque nacional do país, na Peneda-Gerês, e vários fogos iam já no segundo dia, alguns fruto de reacendimentos. Era o caso do fogo de Castanheira de Pêra, no distrito de Leiria, o que mobilizava mais meios esta quarta-feira à noite e apresentava “três frentes activas em povoamento” florestal. O incêndio de Águeda, que na segunda-feira destruiu um armazém e obrigou à evacuação de um lar, também reacendeu e à noite continuava descontrolado, avançando perigosamente em direcção à sede do concelho. O incêndio de Janarde, em Arouca, que deflagrou na segunda-feira à tarde, apresentava duas frentes activas.

Três habitantes da aldeia de São Jorge, Arcos de Valdevez, escaparam ilesos após terem ficado cercados pelo fogo durante mais de uma hora quando ajudavam a combater um incêndio que fustigava aquela região. Três incêndios no concelho de Gondomar que chegaram a ameaçar casas e fábricas acabaram por ser dominados durante o dia.

Às 22h30, contabilizavam-se 432 ocorrências desde o início do dia, das quais 165 ainda se mantinham activas. Estavam nessa altura a ser combatidas por quase 4700 bombeiros. E o panorama prometia não acalmar nos próximos dias, segundo um aviso da protecção civil que alertava a população para a continuação do tempo quente e seco, condições agravadas pela intensificação do vento, que "dificultam a supressão dos incêndios e facilitam a sua propagação", nas próximas 48 horas.

Tal levou o Governo a pedir ajuda à União Europeia, a Marrocos e à Rússia. A Itália cedeu um avião Canadair e as autoridades marroquinas prometeram outras duas aeronaves de combate a fogos. Os incêndios levaram ao condicionamento de várias estradas ao longo do dia. A A25, que liga Viseu a Aveiro, e a A28, que liga Porto a Viana do Castelo, encontram-se à noite condicionadas ao trânsito devido a incêndios, segundo a GNR. 

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