Parcerias com universidades americanas tiveram pouco impacto na economia
Balanço é, apesar de tudo, “claramente positivo”
As empresas tiveram um papel “utilitário” nas parcerias que foram constituídas e os cientistas recorreram sobretudo a parceiros com quem já tinham relações anteriores. As conclusões são de uma investigação do ISCTE - Instituto Universitário de Lisboa sobre os impactos destes acordos assinados em 2006, que será apresentada esta segunda-feira.
Os acordos com o Massachusetts Institute of Technology (MIT), a Carnegie Mellon University e a Universidade do Texas representaram um investimento nacional de 150 milhões de euros até 2012. Nessa altura, a parceria foi renovada pelo Governo, mas com uma redução de verbas. Um dos objectivos era a criação de novas ligações entre o tecido científico português e as empresas. Por isso, os critérios de constituição dos consórcios de projectos que podiam concorrer a financiamentos visavam impulsionar a integração de um parceiro empresarial, opção que acabou por ter resultados limitados.
As colaborações aconteceram em “áreas científicas onde já havia colaborações anteriores e que têm uma aproximação às empresas”, explica Maria Teresa Patrício, a investigadora do ISCTE que coordenou o estudo. Além de se limitar a “activar colaborações anteriores”, a iniciativa envolveu “actores isolados, sem grandes interesses em comum”, lê-se no relatório final desta investigação. Os parceiros empresariais tiveram um papel “utilitário”, satisfazendo os critérios da candidatura a financiamento ou disponibilizando recursos, “mas sem exercerem um envolvimento activo em dinâmicas de produção de conhecimento”, conclui ainda a equipa coordenada por Patrício no Centro de Investigação e Estudos de Sociologia.
Apesar de tudo, o documento aponta também consequências “muito positivas” das parcerias: “Estes programas resultaram numa actractividade grande para alunos que vêm do estrangeiro, permitiram criar novos projectos de investigação e aumentar a produtividade científica”, resume a mesma investigadora. O relatório menciona o incremento da mobilidade de alunos, professores e investigadores e o alargamento da internacionalização das universidades portuguesas para além da Europa, bem como melhorias nos curricula das formações nacionais e o estabelecimento de redes quer entre investigadores portugueses quer com colegas estrangeiros. “O balanço é claramente positivo”, conclui Patrício.