Ter um filho gay "é como ter um filho toxicodependente”. Ordem abre inquérito a psicóloga

Responsável da Associação de Psicólogos Católicos afirmou que ter um filho homossexual "é como ter um filho toxicodependente”. A Ordem dos Psicólogos recebeu dezenas de queixas e vai abrir um inquérito sobre o caso.

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Maria José Vilaça fotografada em 2007 Joana Bougard/Arquivo

A Ordem dos Psicólogos Portugueses vai abrir um inquérito a Maria José Vilaça, a responsável da Associação de Psicólogos Católicos,  que, em declarações à revista Família Cristã, afirmou que ter um filho homossexual "é como ter um filho toxicodependente”. A Ordem diz ter recebido “dezenas de queixas” a propósito destas declarações.

No artigo onde se discutia “a ideologia de género”, a psicóloga Maria José Vilaça, face à pergunta, de “como acolher os homossexuais?", respondeu que acompanha famílias e pais e salienta que "para aceitar o filho não é preciso aceitar a homossexualidade". "'Eu aceito o meu filho, amo-o se calhar até mais, porque sei que ele vive de uma forma que eu sei que não é natural e que o faz sofrer'. É como ter um filho toxicodependente, não vou dizer que é bom." A revista é propriedade da PAULUS Editora, do Instituto Missionário Pia Sociedade de São Paulo em Portugal.

O PÚBLICO tentou por diversas vezes, sem sucesso, contactar a psicóloga, assim como a própria associação. Maria José Vilaça escreveu este sábado na sua página de Facebook que o que disse é “que perante um filho que tem um comportamento com o qual os pais não concordam, devem na mesma acolhê-lo e amá-lo. "A toxicodependência é apenas exemplo de comportamento que por vezes leva os pais a rejeitar o filho. Não é uma comparação sobre a homossexualidade mas sobre a atitude diante dela". Disse ainda que a pergunta da jornalista que a entrevistou foi mesmo "O que diria a uns pais com um filho homossexual?".

Mesmo tendo em consideração este esclarecimento, que cita no seu comunicado, a direcção da Ordem dos Psicólogos Portugueses entendeu que as declarações da psicóloga são “de extrema gravidade” e justificam a abertura de um inquérito, no sentido de averiguar se contrariam os preceitos éticos e deontológicos que rege esta classe profissional. Assim, a direcção da Ordem irá participar os factos em causa ao seu Conselho Jurisdicional, "um órgão independente, isento e imparcial, constituído por cinco psicólogos eleitos e um consultor jurídico, que tem como competência zelar pelo cumprimento da lei, do Estatuto e dos regulamentos internos por parte de todos os seus membros.”

A Ordem dos Psicólogos recebeu durante o dia “dezenas de queixas”, refere-se. O comunicado reitera que a psicóloga falava “a título profissional”, notando a Ordem “que não se revê nas afirmações proferidas”. Mais informa que “as declarações não apresentam qualquer tipo de base científica e que apenas contrariam a defesa dos direitos humanos, da evolução e equilíbrio social, e dificultam a afirmação dos psicólogos na sociedade.”

O comunicado refere que o Código Deontológico da Ordem dos Psicólogos Portugueses obriga a que os psicólogos, quando fazem declarações públicas, “observem o princípio do rigor, abstendo-se de fazer declarações falsas ou sem fundamentação científica.”

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