Novas greves de enfermeiros vão afectar cinco hospitais até 19 de Agosto
Sindicato dos Enfermeiros Portugueses não exclui a hipótese de novas paralisações nem a possibilidade de outros hospitais aderirem. Luta pode também não escapar aos tribunais, já em Setembro.
Os enfermeiros decidiram retomar as formas de luta contra a não reposição das 35 horas de trabalho para todos os profissionais e iniciam nesta terça-feira uma nova ronda de greves, com cinco hospitais a serem afectados em diferentes dias, até dia 19 de Agosto.
Estas greves, convocadas pelo Sindicato dos Enfermeiros Portugueses (SEP), vão afectar o Instituto Português de Oncologia de Coimbra, o Hospital da Figueira da Foz, o Centro Hospitalar do Algarve e a Unidade Local de Saúde (ULS) do Norte Alentejano.
O Centro Hospitalar do Algarve vai ser duplamente afectado, com uma greve hoje e amanhã no Hospital de Portimão e Lagos e na quinta e sexta-feira em Faro, em todos os turnos. Também hoje há greve no IPO de Coimbra, das 8h às 12h, e no dia seguinte durante todo o turno da manhã. No Hospital da Figueira da Foz a greve terá início na quarta-feira, afectando o turno da manhã, e na quinta, no turno das 8h às 12h. Na ULS do Norte Alentejano a greve está marcada para dia 19, durante o turno da manhã. O SEP espera uma “forte adesão à greve, à semelhança da do passado dia 29 de Julho.”
“Pode obviamente haver mais greves”
Estas datas foram conhecidas no início do mês, após várias ameaças de que as paralisações de Julho se podiam estender aos meses de Agosto e Setembro. Paulo Anacleto, dirigente sindical da Direcção Regional de Coimbra do SEP, não exclui essa hipótese nem a possibilidade de novos hospitais virem a figurar na lista, entre os quais o Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra.
A luta pode também não escapar os tribunais: “Pode obviamente haver mais greves e, se a situação não se resolver a bem, como nós queríamos, teremos que recorrer porventura aos tribunais, já em Setembro”, afirmou o dirigente sindical.
Os enfermeiros do IPO de Coimbra e do Hospital Distrital da Figueira da Foz entregaram à administração dos respectivos hospitais um abaixo-assinado exigindo a reposição das 35 horas. Entre as exigências dos enfermeiros vigora também a admissão de mais profissionais, o pagamento do trabalho extraordinário e a reposição a 100% das horas extraordinárias, o pagamento do suplemento remuneratório em funções de chefia e a atribuição da jornada contínua a todos os enfermeiros da consulta externa.
O dirigente sindical adianta que os pré-avisos de greve foram “forçados a concretizar-se”, dada a “ausência de alterações no processo negocial com o Estado para a reposição dos direitos destes enfermeiros”.
Paulo Anacleto ressalva que a luta não é apenas dirigida ao Governo, a quem exigem a retoma das negociações, mas também às administrações hospitalares. O dirigente sindical destaca que “as instituições hospitalares têm autonomia própria para fazerem com que não haja uma descriminação aos enfermeiros com contrato individual de trabalho”. Estes enfermeiros, cerca de 9000 em todo o país, segundo os números do SEP, ficaram de fora da reposição das 35 horas de trabalho na função pública que entrou em vigor a 1 de Julho.