Dúvida na manutenção dos motores deixa helicópteros do Estado em terra

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Um dos Kamov despenhou-se quando estava a encher o balde de água para atacar o incêndio em Ourém Enric Vives-Rubio

O outro aparelho está inoperacional desde o início do mês após um acidente que danificou o helicóptero e deu origem a uma investigação que, apesar de ainda estar numa fase preliminar, já deu origem à suspensão das operações. O dispositivo de combate aos fogos florestais fica, por isso, reduzido a 38 meios aéreos, que a partir de hoje passarão a estar localizados de forma diferente no continente.

O Ministério da Administração Interna (MAI) garantiu em comunicado que já ordenou à Empresa de Meios Aéreos (EMA) que identificasse "com urgência" alternativas para manter a capacidade operacional no combate aos fogos, sem precisar se vão ser contratadas mais aeronaves.

A ordem de paragem veio da empresa que assegura a manutenção dos Kamov 32 A, a Heliportugal, (que também vendeu as seis aeronaves) na sequência de uma dúvida levantada pelo fabricante sobre as regras de manutenção que estão em vigor. A questão foi suscitada por um dos seis técnicos do fabricante russo, a Kamov, que estão em Portugal para ajudar a investigar o acidente ocorrido dia 3 deste mês, quando um destes helicópteros realizava uma operação de enchimento do balde no concelho de Ourém. Em causa está a forma como se contabiliza o tempo de vida dos motores das aeronaves, o que poderá obrigar à mudança dessa parte do equipamento.

O presidente da Heliportugal, Pedro Silveira, confirma a situação e garante que a empresa está fazer a manutenção de acordo com a última versão do manual que lhe foi reportada pela Kamov. "Temos uma subscrição dos manuais de manutenção para recebemos as actualizações feitas pelo fabricante e os pagamentos desse serviço estão em dia. Se eventualmente não estivermos a fazer a manutenção da forma mais actualizada é porque a Kamov não nos informou, como devia", afirma o presidente da Heliportugal. "À cautela - e apesar disso implicar penalidades avultadas -, paramos os helicópteros. Queremos ver completamente esclarecida esta questão", completa. Pedro Silveira diz que já entregou os documentos que comprovam a sua versão à autoridade aeronáutica portuguesa e ao Gabinete de Prevenção e Investigação de Acidentes com Aeronaves (GPIAA).

Segundo o PÚBLICO apurou, este não terá sido o primeiro problema com estas aeronaves, tendo sido reportadas pelo menos três quebras de potência nos motores durante operações de combate aos fogos. Nem a EMA nem o MAI quiseram confirmar ou comentar esta informação.

O GPIAA continua a liderar a comissão que está a investigar o acidente, adiantando o responsável da instituição, o tenente-coronel Fernando Reis, que os peritos esperam concluir o relatório preliminar até ao início de Outubro.

Os dois contratos de aquisição de meios aéreos (seis Kamov e quatro Ecureuil SA350), que começaram a operar em 2007, prevêem ainda a sua manutenção durante cinco anos e custaram ao Estado perto de 105,5 milhões de euros.

Área ardida duplicou

A área ardida mais do que duplicou este ano em relação ao mesmo período de 2011, segundo dados provisórios divulgados ontem.

O relatório do Instituto da Conservação da Natureza e das Florestas (ICNF) indica que, entre 1 de Janeiro e 15 de Setembro, foram registadas 19.571 ocorrências que resultaram em 98.698 hectares de florestas ardidos. Em relação ao mesmo período do ano passado, o número de incêndios florestais aumentaram um quarto e a área ardida aumentou 130%, quando se registaram 15.730 fogos e 42.756 hectares de área ardida.

O relatório do ICNF adianta que este ano se registaram mais 207 ocorrências e arderam menos 33.666 hectares do que a média dos últimos dez anos.

Indica-se que o maior fogo do ano foi no concelho de Tavira e destruiu 21.437 hectares de espaços florestais, cerca de 22% da área florestal ardida este ano. O ICNF contabiliza 125 grandes incêndios (área ardida igual ou superior a 100 hectares), correspondendo a 71% do total.

Notícia substituída às 17h09, de 22.09.2012
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