Coimbra sobe a parada na luta contra co-incineração

Ultrapassando os limites territoriais do concelho, a autarquia manifesta-se contra aquela forma de eliminação de resíduos industriais perigosos em qualquer cimenteira do país, avisa que a combaterá "por todos os meios políticos e jurídicos ao seu alcance" e declara-se desfavorável à continuação do mandato da Comissão Científica Independente (CCI), a cuja maioria dos membros acusa de "ausência de imparcialidade", de "incumprimento da lei" e de "comportamento ofensivo e insultuoso". "Não me vergo às obstinações, nem às teimosias, nem às vontades únicas", afirmou Carlos Encarnação em Souselas, a vila que foi escolhida como o local da primeira reunião do novo executivo municipal. O presidente da câmara foi especialmente duro em relação ao presidente da CCI, Formosinho Simões, que, na sua perspectiva, "tem feito declarações inadmissíveis e absolutamente impróprias".
"Ausência de interesse em procurar alternativas"
Àquelas considerações acrescenta aquilo a que chamou "vícios de procedimento" da comissão. Entre eles estão "a afirmação prévia à realização dos testes, em clara violação do método científico, de que não haveria riscos de emissões acrescidas"; "a autorização dos testes sem a prévia conclusão do estudo epidemiológico que estabeleceria a situação de base em Souselas"; "a ausência de interesse sério em procurar alternativas de tratamento para o lixo tóxico" e a "recusa sistemática de incluir nos seus cenários situações de acidente, que a realidade demonstra serem muito frequentes".
A declaração de "perda de confiança" na CCI foi considerada importante, na medida em que a lei prevê que a renovação do mandato daquela comissão seja conferida pelo Conselho de Ministros, mas tendo em conta os pareceres das câmaras.
O documento - no qual se afirma que a tecnologia actual já oferece uma grande variedade de processos alternativos de tratamento de lixo tóxico que não existiam por ocasião da adopção daquele método noutros países - mereceu a concordância de todos os vereadores. A unanimidade foi saudada por uma explosão de palmas na sala, repleta de souselenses e de outras pessoas ligadas à luta contra a co-incineração.

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