Associação faz queixa-crime contra dono que atirou cão de ponte
Vídeo colocado no YouTube mostra jovem a atirar um pitbull de uma ponte com vários metros de altura à água. Animal pede que o cão seja retirado ao dono.
A associação Animal apresentou esta quarta-feira uma queixa-crime por maus-tratos contra um jovem dono de um pitbull que atirou o cão de uma ponte na Cruz Quebrada, em Oeiras, à água. A associação pede ainda ao tribunal que retire ao dono o animal, que não aparenta ter sofrido qualquer lesão.
Um vídeo colocado na página do Facebook do dono do cão e depois partilhado por uma pessoa indignada, no YouTube, mostra o jovem a pegar no cão e a atirá-lo de uma ponte com vários metros de altura. O animal vem à tona e é forçado a nadar até à margem, onde é recebido com satisfação.
O vídeo começa com o jovem a fingir falar em nome do cão. “O meu nome é Tiger e o meu sonho é poder voar”, diz o rapaz. As imagens foram gravadas por um amigo do adolescente, que nunca aparece no vídeo, mas cujos comentários são audíveis ao longo da gravação. “Não quer. Está com preguiça”, comenta, devido à renitência do animal em saltar da ponte. O dono pega-o com os braços e atira-o. Quando o cão chega à margem, o jovem recebe-o com satisfação e comenta: “Sonho cumprido!”.
Num comunicado, a Animal adianta que além da queixa-crime requereu a sua constituição como assistente no processo, bem como a apreensão cautelar do animal.
A presidente da Animal, Rita Silva, explicou ao PÚBLICO que o vídeo chegou à associação na passada segunda-feira à noite, o dia em que terá sido publicado pelo dono do pitbull no Facebook. A dirigente afirma que “há uma premeditação clara” neste episódio e lamenta a falta de censura que o dono denota ao partilhar o vídeo nas redes sociais. Isto apesar de as imagens mostrarem o cão “a debater-se” e em "aflição". “O animal, por sorte, acabou por sobreviver. Mas podia ter sofrido ferimentos graves ou até ter morrido”, refere a defensora dos direitos dos animais.
“Pedimos ainda a apreensão cautelar do animal, por considerarmos que o seu detentor legal não reúne as condições mínimas necessárias para ser responsável por uma vida”, acrescenta Rita Silva.
Para Alexandra Reis Moreira, a advogada que patrocina a queixa apresentada pela Animal, “a ocorrência indicia perversidade em grau elevado por parte do agente, pelo desprezo e indiferença que as filmagens revelam perante a visível aflição do animal, que se debate, momentos antes de ser atirado ao rio".