Incêndio de Coimbra terá começado num tractor em Poiares
O grande fogo que assola há cinco dias o distrito de Coimbra deverá ter começado com o incêndio de um tractor, numa zona florestal do concelho de Vila Nova de Poiares, às 13h de sábado. Essa é pelo menos a convicção do comandante dos Sapadores de Coimbra, José Almeida. Ontem, numa conferência de imprensa convocada pela autarquia para fazer o balanço do incêndio no concelho, o comandante defendeu que "um trabalho mais continuado" dos meios aéreos, no domingo, teria evitado que o incêndio assumisse as proporções que veio a assumir.Esta foi também a posição assumida pelo presidente da Câmara de Coimbra, Carlos Encarnação, logo na segunda-feira, uma opinião que o governador civil, Henrique Fernandes, classificou entretanto como "um disparate rotundo". Mas José Almeida disse mais: garantiu que, no domingo, por estar destacado para o Centro Distrital de Operações de Socorro, pôde constatar que havia dois aerotanques ligeiros enviados para o incêndio da zona de Coimbra que, por motivos que não descortinou, não intervieram de forma sistemática.
O vice-presidente da câmara, Horácio Pina Prata, que substituiu Encarnação - ausente durante o fim-de-semana -, afirmou que, às 15h de domingo, surgiu apenas um avião em Ceira, o qual efectuou uma única descarga, que falhou o alvo, atingindo o presidente da junta e o responsável municipal da Protecção Civil, Carlos Gonçalves. Gonçalves também defendeu que uma intervenção mais aturada dos meios aéreos teria evitado "uma situação pior do que a da Pampilhosa [da Serra]", mas admitiu que o comando distrital estivesse, na altura, mais preocupado em extinguir definitivamente o incêndio deste último concelho. "Andava lá o primeiro-ministro", comentou Pina Prata.
O vice-presidente da autarquia disse ainda que só às 17h30 surgiram mais dois aviões em Coimbra, que realizaram então descargas mais precisas.
No sábado, o fogo deflagrou em Soutelo (Poiares) e alastrou a Miranda do Corvo e Lousã. No domingo, ao princípio da tarde, verificou-se um reacendimento em Ribas e o fogo tomou proporções devastadoras, evoluindo em várias direcções, alastrando aos concelhos de Miranda do Corvo, Penacova, atravessando o Mondego e invadindo a zona urbana de Coimbra ao princípio da noite. Após dois dias com maior intensidade em Miranda do Corvo, o fogo atingiu terça-feira Penela, onde, ontem à tarde, foi circunscrito. Na noite de domingo, chegou a formar uma frente contínua com mais de 20 quilómetros. Só em Coimbra lavrou numa área de 40 mil hectares e destruiu 11 casas. A.V.