Ambiente
O que está Portugal a fazer pelo ambiente?
Entre planos de acção e estratégias, há vários objectivos delineados para os próximos anos com o intuito de promover a preservação do ambiente e mitigar as alterações climáticas. No Dia da Terra fazemos um balanço do desempenho de Portugal.
É preciso reduzir a emissão de gases com efeito de estufa, separar mais o lixo, consumir menos carne… Como se posiciona Portugal em relação aos objectivos traçados a nível europeu? Em alguns casos, está próximo de os alcançar. Noutros nem tanto.
Há quem questione: os portugueses representam apenas 0,13% da população mundial. Vale a pena o esforço? Francisco Ferreira, presidente da Zero, não tem dúvidas de que sim. “Têm de existir países líder, que constituem exemplos, que reforçam políticas e que constroem coligações com outros países de maiores dimensões”, nota. Portugal constituiu-se como exemplo ao atingir valores recorde de produção de energias renováveis e ao anunciar a ambição da neutralidade carbónica em 2050. “Há um compromisso importante de Portugal porque também somos dos que mais sofremos as consequências”, aponta o ambientalista.
Explore os indicadores para perceber quão próximo está Portugal de atingir diferentes objectivos ambientais estabelecidos para os próximos anos.
Reciclagem de resíduos urbanos em Portugal
Em Portugal, a taxa de resíduos reciclados é inferior a 30%. A meta imposta pela União Europeia (EU) indica que deveríamos reciclar metade do lixo produzido até 2020. No relatório Reexame da aplicação da política ambiental da UE de 2019: uma Europa que protege os seus cidadãos e melhora a sua qualidade de vida, a Comissão Europeia voltou a lembrar que “Portugal é um dos países em risco de incumprimento do objectivo”. Em Novembro, o Governo pediu mais dois anos à Comissão Europeia para cumprir a meta dos 50%.
Além de Portugal, a Bulgária, Croácia, Chipre, Estónia, Finlândia, Grécia, Hungria, Letónia, Malta, Polónia, Roménia, Eslováquia e Espanha também estão em risco de não cumprir esta meta.
Até 2035, os países da UE devem estar a reciclar 65% do lixo que produzem.
Resíduos urbanos enviados para aterro
Esta é outra meta estabelecida a nível europeu em que Portugal também ainda fica aquém. O objectivo será reduzir, até 2035, o lixo enviado para aterro para 10% do total produzido. Em 2017, contudo, 43% dos resíduos produzidos ainda tinham esse destino. Em 2016, os países da UE já deviam estar a encaminhar para debaixo da terra apenas 35% do lixo produzido.
“O aterro é a opção menos preferível para tratamento de resíduos. Embora os números tenham decrescido de forma constante na União Europeia (UE), a taxa média de resíduos em aterro na UE ainda era de 24% em 2016. Persistem grandes diferenças na UE: em 2016, dez Estados-membros ainda depositaram mais de 50% dos resíduos urbanos, enquanto cinco notificaram taxas superiores a 70%”, diz a Comissão Europeia num comunicado de 2018.
Quantos quilogramas de lixo produz cada português?
- 1035
- 487
- 256
Cada português produz quase meia tonelada de lixo por ano. Entre 2011 e 2017, o ano de 2013 foi aquele em que cada habitante gerou menos resíduos: 440 quilogramas. São os habitantes de Celorico de Basto (Braga) que fazem menos lixo (260 kg). E os de Albufeira (Faro) os que fazem mais (1387 kg).
Reciclagem de embalagens de plástico
Em Portugal, a reciclagem de embalagens de plástico (41,8% em 2016) ainda fica aquém da média europeia (42,4%). O objectivo é que até 2030 todos os países da UE reciclem mais de metade do plástico. Malta, Estónia e Finlândia são os países com as taxas de reciclagem mais baixas. A Lituânia, o Chipre e a Eslovénia são os mais bem-sucedidos.
A Administração Pública tem feito um esforço por “promover uma utilização mais sustentável dos recursos, com grande ênfase no papel e nos plásticos descartáveis”, diz a Comissão Europeia no Reexame da aplicação da política ambiental da UE de 2019: uma Europa que protege os seus cidadãos e melhora a sua qualidade de vida.
Cada português produz 36 quilogramas de resíduos de plástico por ano, segundo dados do Eurostat de 2016.
Consumo de energias renováveis
O consumo de energia final vinda de fontes renováveis em Portugal ainda fica aquém dos objectivos estabelecidos pela Comissão Europeia. Em 2030 terá de corresponder a praticamente um terço da energia consumida, mas ainda é só 28,5%.
Redução das emissões de gases com efeito de estufa
O objectivo até 2030 é conseguir uma redução na emissão de gases com efeito de estufa correspondente a menos 17% do valor de 2005. Pelo menos em 2017, o desafio estava quase cumprido: a redução tinha sido de 14%. O objectivo principal é agora alcançar a neutralidade carbónica até 2050.
A meta global a nível da UE é de 40%. As diferenças entre países têm a ver com a regulação dos esforços partilhados. O Luxemburgo, a Suécia, a Dinamarca e a Finlândia são os países que terão de conseguir maiores reduções.
Quanto dióxido de carbono (CO2) emite, em média, cada português?
- 1,2 toneladas
- 553 quilos
- 6,9 toneladas
Cada português emite, em média, quase 6,9 toneladas de dióxido de carbono por ano, segundo o Inventário de Emissões Atmosféricas, relativo a 2016 e publicado no ano passado (são os últimos dados disponíveis). Corresponde a 18,5 quilos por dia.
Qual é a percentagem de emissões de gases com efeito de estufa que é da responsabilidade da agricultura?
Em 2016, a actividade agrícola em Portugal foi responsável pela emissão de 10% do total de gases com efeito de estufa. O valor representa uma diminuição de 20,6% em relação aos valores de 1990. O sector da energia é responsável pela emissão de 69% dos gases com efeito de estufa.
Quantidade de carne que deveríamos comer
Em Março deste ano, o P2 noticiava os resultados de um estudo científico publicado na revista Lancet que indicava que, para que fosse possível a população mundial alimentar-se no futuro e, ao mesmo tempo, salvar o planeta, garantindo a sua sustentabilidade, cada pessoa deveria comer, em média, 14 gramas de carne vermelha. Segundo o último Inquérito Alimentar Nacional e de Actividade Física, feito em Portugal, comemos 88 gramas em média, por dia. Falta-nos cortar 74 gramas.
Qual é a percentagem de solo artificial em Portugal?
- 50,1%
- 26,9%
- 5,3%
A percentagem de solo artificial num determinado país — aquele que é ocupado por edifícios e pavimentos — é uma forma de medir a pressão relativa exercida sobre a natureza e a biodiversidade, bem como a pressão ambiental sobre as pessoas que vivem em zonas urbanizadas. Em Portugal, este valor é superior à média da UE: 5,3%.
Outra forma de o fazer, é através da densidade populacional. Em Portugal vivem 113 pessoas por quilómetro quadrado.
Quantas espécies ameaçadas existem em Portugal?
- 9
- 52
- 176
Segundo dados da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico, há 176 espécies ameaçadas em Portugal.
Qual a área do território nacional ocupada por zonas da rede Natura 2000?
- 5,2%
- 12,7%
- 20,6%
“Em Novembro de 2017, as zonas da rede Natura 2000 representavam 20,6% do território português (média da UE: 18,1%), sendo que as zonas de protecção especial (ZPE) da Directiva Aves cobriam um total de 10% (média da UE: 12,3%) e os sítios de importância comunitária (SIC) da Directiva Habitats, um total de 17% (média da UE: 13,8%)”, notava a Comissão Europeia (CE) no Reexame da aplicação da política ambiental da UE de 2019: uma Europa que protege os seus cidadãos e melhora a sua qualidade de vida.
Tendo em conta que um dos objectivos da Estratégia Nacional de Conservação da Natureza e Biodiversidade para 2030 é criar uma rede coerente de sítios Natura 2000, nesse documento a Comissão define como prioritária as metas de “concluir o processo de designação de sítios Natura 2000, nomeadamente na componente marinha, e definir objectivos de conservação unívocos e as medidas de conservação necessárias para os sítios”.
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