CONCURSO “ISTO TAMBÉM É COMIGO!”
Texto de opinião sobre o mirandês dá a vitória a Duarte Guerreiro, de Lisboa
Concurso mensal do PÚBLICO na Escola e da Rede de Bibliotecas Escolares para alunos do ensino secundário está de volta. Primeira edição do ano letivo de 2023-24.
Mirandês: um património a preservar na era digital
No início deste ano letivo, numa aula de Português, discutimos um texto sobre a morte das línguas. Por esse motivo, li com particular interesse a reportagem do PÚBLICO, sobre o mirandês, assinada por Luísa Pinto e por Teresa Pacheco Miranda. Pensei que seria importante refletir sobre o património linguístico e a preservação das línguas minoritárias.
Ao longo dos anos, vários académicos têm demonstrado interesse pelo mirandês, e esta língua beneficiou de múltiplas medidas para a sua preservação. Não obstante, a diminuição da população tem-se refletido na redução do número de falantes e o enleio legislativo tem adiado a efetiva oficialização da língua.
Além disso, como está claramente expresso na reportagem, o português e o mirandês competem no mesmo espaço, sendo a primeira a língua que goza de maior prestígio social, a língua do «falar grabe», que vê o seu uso fomentado, sobretudo em contextos formais.
Do meu ponto de vista, a preservação das línguas minoritárias garante a diversidade cultural e valoriza o nosso património linguístico. Apesar de as iniciativas legislativas serem bem-vindas, creio que é necessário pensar em formas de divulgação e de fomento da aprendizagem do mirandês, nomeadamente através dos recursos digitais, como sites ou cursos on-line. Também julgo que é fundamental incentivar a tradução e a publicação de livros, em língua mirandesa. Estou absolutamente convicto de que, deste modo, outras pessoas fora do planalto mirandês podem aprender e interessar-se pela língua.
No texto a que aludi no início, da autoria de Moreno Cabrera, intitulado «El universo de Las Lenguas», as línguas que morrem são assinaladas num mapa com uma cruz e já muitas se perderam. Para que uma língua não corra o risco de desaparecer, de acordo com o autor, é necessário ter, pelo menos, dez mil falantes. Ora, no caso do mirandês, encontramo-nos já muito abaixo desse limiar.
Concluindo, é urgente preservar este idioma, através das ações já em curso e de outras, mais inovadoras. Através da leitura da reportagem, sente-se o orgulho dos que habitam o planalto mirandês e fica-se mais perto da sua cultura. Se a perdermos, ficaremos mais pobres.
Duarte Pires Surrécio Dias Guerreiro, 12.º ano
Agrupamento de Escolas das Laranjeiras, Lisboa