Jornais escolares
Horta das notícias, Comunica e ponto & vírgula vencem Concurso Nacional de Jornais Escolares
Júri analisou 105 publicações, que resistiram à pandemia e nalguns casos robusteceram. Diversidade e qualidade surpreenderam pela positiva.
Horta das notícias, de Évora; Comunica, de Freixo (Ponte de Lima); e ponto & vírgula, da Marinha Grande. São estes os grandes vencedores do Concurso Nacional de Jornais Escolares, retomado pelo PÚBLICO na Escola no último ano letivo. Cada um deles foi considerado pelo júri o melhor no escalão em que concorreu, recebendo por isso um prémio no valor de 2000 euros, para utilizar no desenvolvimento de um projeto de comunicação.
A resiliência das publicações escolares, num ano letivo marcado pela pandemia de covid-19 e pelo confinamento, é um dos aspectos que se destacam nesta edição do concurso. Foram, ao todo, 105 os jornais e revistas apreciados pelo júri — mas a questão está longe de se resumir à quantidade. “Fiquei maravilhado com a diversidade e qualidade dos jornais e do que se percebe que está por trás deles”, diz o jornalista e professor da Universidade do Minho Joaquim Fidalgo. Enquanto membro da direcção do PÚBLICO, esteve ligado ao lançamento do PÚBLICO na Escola. Três décadas depois, no júri do concurso, constata como o jornalismo escolar, aberto ao digital e à participação mais alargada, envolve ainda “milhares de pessoas em trabalho contínuo ao longo do ano, o que é uma coisa incrível”.
A partir de março e até ao final do ano letivo, feitas a partir de casa, as edições prosseguiram, reinventando-se muitas vezes em suporte digital, noutros casos aparecendo pela primeira vez e conseguindo, num curto espaço de tempo, ganhar o seu lugar e conquistar o seu público.
Envolvimento dos alunos
Um total de 28 edições em três meses, uma certa “fuga boa” aos momentos iniciais de constrangimento vividos durante a quarentena e “o forte entusiasmo das crianças participantes”. Assim apresenta o seu lado mais positivo o jornal digital vencedor no escalão A (1.º ciclo do ensino básico): Horta das Notícias, da Escola Horta das Figueiras / Agrupamento de Escolas Severim de Faria, em Évora. Bem mais a Norte mas igualmente digital, o Comunica, do Agrupamento de Escolas de Freixo, premiado no escalão B (2.º e 3.º ciclos), assume, no texto que acompanha a inscrição no concurso: “Ter nascido uns meses antes do Covid-19 foi o melhor que podia ter acontecido ao Comunica.” A vida com corona, mote lançado pela direcção da escola, “veio injetar uma dinâmica na redação” e inspirou centenas de artigos e muito entusiasmo.
O vencedor do escalão C (ensino secundário), ponto & vírgula, do Agrupamento de Escolas Marinha Grande Poente, sai habitualmente em formato digital na primeira quarta-feira de cada mês. Duas ou três vezes em cada ano lectivo, as edições são impressas e encartadas com o Jornal da Marinha Grande, o que é visto como importante para “o reforço da relação com a comunidade”. Cada um dos vários jornalistas residentes “tem uma rubrica própria e total liberdade editorial”.
O nível de envolvimento dos alunos em todo o processo acabou por ser “o critério mais valorizado” pelo júri, “servindo de orientação para a análise dos outros parâmetros de avaliação” dos jornais a concurso, explica Luísa Gonçalves, professora e coordenadora do PÚBLICO na Escola, que dele fez parte.
Para lá dos três prémios para os melhores jornais, que contam com o apoio do Ministério da Educação, da Fundação Belmiro de Azevedo (através do EDULOG) e da Câmara Municipal de Gaia, o júri distinguiu, com prémios no valor de 500 euros, a melhor reportagem, o melhor trabalho de ciência e o melhor design gráfico (ver caixa). “Olho de Boi, uma ponta solta do 25 de abril”, do jornal Mar da Palha, de Almada, é a reportagem vencedora. O melhor trabalho de ciência tem como tema o Tempo e foi publicado no Outra Presença, de Bragança. O grafismo da revista Brick, da EPI - Escola Profissional de Imagem, em Lisboa, foi o que melhor impressão causou.
Alguns aspetos relevantes que sobressaíram na dinâmica de trabalhos apresentados justificaram, por outro lado, que o júri decidisse atribuir três menções especiais não contempladas no regulamento, uma por escalão. “A autenticidade de um jornal de parede do 1º ciclo, o impacto numa comunidade portuguesa no estrangeiro e a determinação e autonomia demonstradas por um grupo de alunos não nos podiam deixar indiferentes”, acrescenta Luísa Gonçalves.
Integraram o júri: Helena Soares (designer e professora); Isabel Leite (Edulog – Fundação Belmiro de Azevedo); Joaquim Fidalgo; José Carlos Sousa (Direcção-Geral da Educação); Luísa Gonçalves; e Teresa Calçada (Plano Nacional de Leitura). Os prémios serão entregues em data a anunciar.