Do 1.º ao 12.º ano de escolaridade

Concurso Nacional de Jornais Escolares vai distinguir também melhor reportagem, grafismo e trabalho sobre ciência

Inscrições abrem no primeiro trimestre de 2020. Publicações, em papel ou digitais, são enviadas até ao final de junho, desde que tenham tido pelo menos duas edições no presente ano letivo

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ADRIANO MIRANDA

Qual a melhor reportagem publicada num jornal escolar no ano letivo de 2019-20? Por agora é impossível saber, mas no final de outubro estaremos em condições de dizer. E de a premiar e divulgar: o Prémio Reportagem constitui uma das novidades do regresso do Concurso Nacional de Jornais Escolares, que o PÚBLICO agora retoma, através do projeto PÚBLICO na Escola, entretanto relançado.

As escolas ou agrupamento de escolas públicas e privadas portuguesas podem apresentar a concurso publicações (jornais e revistas) em papel ou digitais, desde que tenham tido pelo menos duas edições no presente ano letivo. Não há tema obrigatório. Os prémios para os melhores jornais distribuem-se por três escalões: 1.º ciclo; 2.º e 3.º ciclos; ensino secundário. Existirão ainda três prémios especiais, para distinguir a melhor reportagem, o melhor grafismo e o melhor trabalho desenvolvido na área da ciência. “Utilizar o jornal escolar como um instrumento de divulgação científica” integrou durante anos os objetivos do concurso e assim continuará a ser.

Como aconteceu desde o início, o concurso pretende contribuir para estimular a prática de um jornalismo escolar crítico e imaginativo, fazendo dos jornais escolares um instrumento cívico para a discussão de temas relevantes para a comunidade escolar e para a promoção de relações entre a escola e o meio. A ligação à atualidade é sempre um elemento valorizado na apreciação das publicações.

As inscrições abrem no primeiro trimestre de 2020, em data a anunciar oportunamente, quando o regulamento for divulgado. As publicações são enviadas até ao final de junho e os prémios anunciados em outubro.

Oito conselhos úteis

Foi no ano letivo de 1991-92 que o PÚBLICO pela primeira vez organizou o Concurso Nacional de Jornais Escolares, em conjunto com o Correio Pedagógico. Venceram essa edição os jornais O Pipocas, da Escola Básica do 1.º Ciclo de Benfeita, no concelho de Arganil, e o Nova Maré, da Escola Secundária n.º 1 do Seixal.

No seguimento das atividades do concurso, António Santos e Manuel Pinto, dois professores que integravam a equipa do projeto PÚBLICO na Escola, reuniram “um conjunto de sugestões com vista à produção de jornais editados no âmbito das escolas”. O dossier O Jornal Escolar, porquê e como fazê-lo, editado depois pela ASA, na coleção Cadernos Pedagógicos, apresentava, entre muitas outras informações didáticas e úteis, uma lista de oito erros a evitar quando alguém se prepara para lançar um jornal. Passaram muitos anos, mas estes conselhos, que aqui transcrevemos, mantiveram-se perfeitamente atualizados. A evitar, portanto:

— Considerar a produção do jornal como mais um trabalho escolar, sujeito, afinal, às mesmas lógicas e condicionantes das práticas pedagógicas habituais, não apostando nele como um excelente processo de contrariar as rotinas dominantes nas atividades educativas mais tradicionais.

— Produzir o jornal no âmbito de um grupo muito fechado e desligado das realidades da escola e do meio.

— Apostar pouco na inovação formal e de conteúdo, não explorando as diversas possibilidades, caindo num jornal cinzento, pouco variado e demasiado “escolar”, onde a voz dos alunos acaba por ser pouco audível.

— Aceitar que o conteúdo do jornal seja definido sobretudo a partir dos interesses pessoais de quem nele colabora, esquecendo que o alargamento e a diversificação temáticos são fundamentais para captar leitores e criar um jornal vivo.

— Permitir um esquema de funcionamento que leve a que o grosso do trabalho e da responsabilidade caia sobre duas ou três pessoas, nomeadamente professores. O protagonismo dos alunos nas diferentes fases de produção do jornal deve ser um ponto de honra.

— Pensar que o que dá valor ao jornal são os textos que publica, esquecendo a grande importância que deve ser dada à apresentação gráfica.

— Fazer uma gestão errada dos tempos de elaboração do jornal nas suas diferentes etapas, dilatando os prazos de entrega de originais e a concretização dos diversos trabalhos, arriscando, com isso, uma notória desatualização do jornal e a desmotivação de colaboradores.

— Ver no processo de produção do jornal apenas uma sucessão de tarefas e etapas que devem levar, de forma mais ou menos eficaz, à criação do produto final, desperdiçando pelo caminho, e mesmo depois de o jornal estar pronto, todo um manancial de situações de formação e de aprendizagem em si mesmas tão ou mais importantes do que a criação do jornal.