Militante acusa Costa de não ter resolvido a situação no PS de Coimbra

Em vésperas de eleições, ex-coordenadora da secção da Sé, critica silêncio da direcção nacional e avisa que vai denunciar novas "irregularidades" do partido

Foto
Rui Gaudêncio

Cristina Martins, a militante que denunciou ao Ministério Público (MP) o caso da inscrição de militantes-fantasma nos cadernos eleitorais do PS de Coimbra, critica o silêncio da direcção do partido relativamente à polémica que envolve as eleições para a distrital e promete denunciar esta semana “todas as irregularidades” que subsistem na federação socialista.

“A direcção do PS não se pode remeter ao silêncio quando sabe que nos cadernos eleitorais do partido existem mais de mil militantes em situação irregular, cuja filiação foi aprovada pelo vice-presidente da federação, actual presidente, um órgão que não existe nos estatutos do partido”, declarou Cristina Martins ao PÚBLICO.

Apoiante de António Manuel Arnaut, que suspendeu a candidatura à distrital por considerar que o “processo [eleitoral] não é transparente nem isento”, Cristina Martins escreveu este fim-de-semana uma carta dura aos órgãos do partido na qual convida Pedro Coimbra, que se recandidata à distrital, para deter as “imoralidades políticas em Coimbra”, um convite que estende à direcção nacional”.

“Estou cansada de ouvir que o camarada António Costa tem muito que fazer, pois é primeiro-ministro. É verdade, mas também é secretário-geral de um grande partido e, portanto, também tem que resolver os problemas desse mesmo partido”, escreve. E acrescenta: “Aliás, teve tempo de o fazer antes de ser primeiro-ministro. Não o fez, lá saberá porquê.”

Afirmando que não deve “fidelidade política a pessoas, mas sim aos ideais, aos valores da democracia e da liberdade”, a militante, que já coordenou a secção da Sé de Coimbra, diz que “chega de falsos moralismos, de mentiras grosseiras, de parecer e não o ser”. “Chega!”

A iniciativa desta militante surge na sequência de “uma carta”, que o líder distrital escreveu aos militantes, que ela classifica como “hipócrita, mentirosa e incongruente”, porque — sublinha — “António Manuel Arnaut não desistiu da candidatura, suspendeu-a, que é uma figura ‘jurídica’ criada há bem pouco tempo no PS”. “Se se suspendem eleições, também se suspendem candidaturas, ou não será assim? Ou, mais uma vez, o PS de Lisboa te abençoa com uns estatutos e umas leis feitas única e exclusivamente para te abençoar [Pedro Coimbra]?”

“Não tens coragem de assumir o que fizeste em 2010 [ano em que Catarina Martins denunciou a existência, confirmada pelo Ministério Público, de inscrições irregulares nos cadernos eleitorais]”, ataca a militante, que chega a desafiar o líder da distrital para que a voltem a expulsar do partido. “Pedro Coimbra, desafio-te a que voltes a pedir ao teu vassalo, Tiago Castelo Branco, para que proponha, novamente, a minha expulsão por delito de opinião e sabes porquê? Porque estou farta das tuas mentiras, das falsidades que existem dentro do PS”, escreve, deixando a promessas de novas revelações para esta semana.

Sugerir correcção
Comentar