Jerónimo não desiste do aumento de 10 euros para todas as pensões

Líder comunista diz que “é tempo de dar novos passos na resolução de problemas prementes dos trabalhadores, do povo e do país”.

Foto
Jerónimo de Sousa rejeitou críticas, como as do BE, ao aumento geral de 10 euros para todas as pensões Miguel Manso

O secretário-geral do PCP, Jerónimo de Sousa, insiste na subida das pensões de reforma para o próximo ano e fala de “uma proposta que garante um aumento percentual maior para os que têm reformas mais baixas e menor para os que têm reformas mais elevadas”.

Na sessão de abertura das jornadas parlamentares do PCP, que terminam esta terça-feira no Porto, Jerónimo de Sousa explicou que, “numa pensão de 275 euros o aumento de 10 euros representa um aumento de 3,6%”, já “numa pensão de 352 o valor desce para 2,8%”. No caso de “uma pensão de 500 euros o aumento é de 2%; de 600 é de 1,6%; de 800 é de 1,3% e de 1000 euros é de 1%”, revelou.

“Não há campanha, nem manobras, ditadas por falsos propósitos de combate às desigualdades entre os reformados que possam por em causa quanto justa é esta proposta, visando o aumento real de todas as pensões”, afirmou o dirigente comunista, numa declaração que foi vista como um recado para o BE, que defende aumentos de 10 euros apenas para as reformas mais baixas.

Numa longa intervenção, o líder do PCP criticou a “ausência de uma política nacional de defesa e desenvolvimento dos sectores produtivos nacionais" e insurgiu-se contra as "erradas e desastrosas opções" que, em seu entender, "têm vingado no país".  "Governos de uns a seguir ao governo de outros parece que tomaram como exclusiva tarefa fazer diminuir o peso da indústria, da agricultura e das pessoas na economia do país”, protestou.

A poucos dias da apresentação da proposta do Orçamento do Estado (OE) para 2017, Jerónimo deixa claro o que se impõe fazer, na perspectiva do PCP: “É tempo de dar novos passos na resolução de problemas prementes dos trabalhadores, do povo e do país e, com determinação, prosseguir os compromissos assumidos de reposição de direitos, rendimentos subtraídos nos últimos anos e na inversão do rumo de retrocesso económico do país”.

O líder comunista não esqueceu o sector das pescas, defendendo “uma nova quota para a sardinha em 2017 que garanta a sustentabilidade da frota do cerco”. “É preciso dar resposta aos problemas dos pescadores, garantindo-lhes, com urgência, as compensações salariais pelos dias de paragem, para as quais há meios financeiros não dependentes do Orçamento do Estado”. A propósito, criticou a redução generalizada das capturas de pescado permitidas em 2017 e 2018 pela Comissão Europeia e reclamou um subsídio à gasolina (o gasóleo já tem) para as embarcações.

O tema das pescas regressaria mais tarde ao debate, numa visita que os comunistas fizeram a uma cooperativa de peixe na lota de Matosinhos. Aqui o líder do grupo parlamentar, João Oliveira, prometeu o empenho do PCP nas negociações sobre o próximo OE e também em Bruxelas, para que Portugal possa aproveitar o “mundo de potencialidades e de recursos” das pescas. É que, para o deputado, “mercado não falta, recursos, saber fazer e capacidade instalada também não”.

Em declarações aos jornalistas, o líder do grupo parlamentar também defendeu um aumento da quota da sardinha para 2017. “A quantidade de sardinha pescada em Portugal não chega sequer para satisfazer as necessidades da indústria conserveira, quanto mais para satisfação das necessidades de consumo da sardinha em fresco”, disse.

O primeiro dia das jornadas parlamentares do PCP, que encerram esta terça-feira e que decorrem sob o lema da produção nacional, emprego e direitos sociais, incluiu vários encontros nas áreas da saúde, ensino e transportes e ainda uma visita à exposição do artista catalão Joan Miró, em Serralves.

Sugerir correcção
Comentar