BE quer o regresso das salas de chuto

Dirigente do Bloco de Esquerda alerta para aumento no número de recaídas de heroinómanos

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Para João Semedo, a RTP é uma "privatização em que o fanatismo ideológico do Governo está bem claro" Daniel Rocha

Esta posição foi transmitida pelo coordenador do Bloco de Esquerda João Semedo, que se manifestou alarmado com indicadores relativos a "uma subida do número" de indivíduos toxicodependentes, sobretudo casos de refluxo em relação à heroína, e com uma alegada crescente fragilização dos centros públicos de prevenção e combate ao consumo de drogas.<_o3a_p>

"A razão do projecto de resolução reside no facto de o Bloco de Esquerda reconhecer que o país se encontra num momento especialmente sensível do combate às toxicodependências. Há uma degradação das situações sociais, consequência da crise que o país atravessa há alguns anos e que constitui um caldo de cultura para a intensificação dos problemas do uso e abuso de drogas. Há indicadores de que os serviços de toxicodependência estão a ser mais procurados do que antes", apontou João Semedo.<_o3a_p>

O médico e dirigente do Bloco de Esquerda referiu que, neste aumento, não se trata tanto de novos consumidores, mas, sobretudo, de "recaídas de heroinómanos".<_o3a_p>

"A segunda razão tem a ver com o facto de o Governo ter escolhido este período para mudar significativamente o sistema de resposta de tratamento e combate à toxicodependência, fechando e desarticulando o Instituto da Droga e Toxicodependência (IDT). As unidades que resultaram desta desarticulação foram colocadas sob a responsabilidade das administrações regionais de saúde - uma mudança que criou uma instabilidade nos serviços, diminuindo a capacidade de resposta", disse, numa crítica ao executivo PSD/CDS.<_o3a_p>

Questionado sobre a eficácia das salas de injecção assistida para o combate à droga, João Semedo alegou que um dos principais problemas da toxicodependência está relacionado com o conjunto de infecções associadas, sobretudo em consequência dos consumos injectáveis.<_o3a_p>

"Devem existir salas de consumo assistido para permitir que os consumidores estejam em ambiente protegido, num ambiente que os aproxima dos mecanismos de tratamento. Nestas salas, a forma de injectar é garantidamente feita em condições de higiene, não havendo contágio de seringas infectadas", sustentou o coordenador do Bloco de Esquerda.<_o3a_p>

Interrogado se esse problema não se poderá resolver através do programa de troca de seringas, João Semedo disse que também aí se verificam insuficiências.<_o3a_p>

"Este Governo também interrompeu esse programa, depois de se terem trocado milhões de seringas nas farmácias. Agora o Governo está a emendar a mão e já está em discussão com a Associação Nacional de Farmácias para que exista um novo protocolo", declarou, já após ter criticado a anterior decisão do executivo de concentrar as trocas de seringas nos centros de saúde.<_o3a_p>

Para João Semedo, em relação ao fenómeno da toxicodependência, "a regra tem de ser prevenir, porque até sai mais barato, sobretudo em termos de custo humano".<_o3a_p>

"Actualmente, ao nível das drogas, verifica-se que há muito policonsumo, com drogas químicas que substituíram hábitos antigos em torno da heroína e da cocaína. Mas, ultimamente, também se verifica uma maior procura dos centros de tratamento por parte de heroinómanos que recaem no consumo de heroína", acrescentou o deputado do Bloco de Esquerda.<_o3a_p>