Baboseiras

Quase sempre que abro o ”browser” da internet encontro coisas contra as quais reajo. Acho natural, pois vivemos num espaço onde não temos de entender como outros entendem. Há coisas muito úteis na internet, mas também muita baboseira. Vejam que desta vez o que me chamou a atenção foi uma foto de um tal Mexia que afirmava que “o meu salário equivale ao de um defesa direito de um clube do meio da tabela“. Esta afirmação a mim não me diz nada. Não seria melhor para todos e primeiramente para o seu autor estar calado? Contudo levou-me a reflectir um pouco. Seria o sr Mexia, o da Edp? Não podia ser. Um gestor de tão alto gabarito sabe que só se comparam coisas comparáveis. E também sabe que do céu se pode cair depressa. A não ser que se tenha asas. O diabo está quando se está na terra e tem que se subir. Se não for a pontapé ou levado por algum foguetão, a gente não descola. Não, o da EDP não é com certeza! Será um qualquer jogador de futebol? Ligo muito pouco ao Futebol. E de clubes estamos conversados. Só a selecção por uma questão de patriotismo me cola em frente ao écrã da TV. Mas nesse caso a comparação já faria algum sentido. Mas não muito, pois revela um certo desassossego da parte do seu autor. Será que acha que ganha muito, mais do que merece, e tem necessidade de o justificar publicamente para obter o perdão divino, ou sente que deveria ser o que mais deveria ganhar, no país ou no mundo, por tarefa imprescindível para o bem estar da humanidade que só um ser humano como ele é capaz de executar? Ou que na sociedade em que vive ganha pouco, e cerca de 5 milhões dos seus cidadãos ganham mais do que ele? Neste caso tem que pugnar por justiça. E, justiça lhe seja feita, tem todo o direito de melhorar o seu vencimento e ganhar acesso à metade dos cinco milhões que ganham mais em vez de estar na metade dos que ganham menos. Como eu não sei nada de futebol, diga-me lá uma coisa (se souber). Qual é o valor médio do vencimento pago por um clube do meio da tabela a um defesa direito? A um defesa esquerdo paga mais? Porquê?

Seja por que razão for, acho intolerável tamanha descriminação.

Aires Gonçalves, Amadora

Bolsas de estudo

Muitos dos que estão contra os contratos de associação beneficiam de bolsas de estudo. O “chico-espertismo” português é interminável. Muitos dos intelectuais e militantes de esquerda que vociferam contra os acordos de associação têm filhos que recebem a tal “prestação pecuniária anual para comparticipação nos encargos com a frequência de um curso”. Pensando bem, bolsas de estudo e contratos de associação andam de braço dado. É tempo de a Direcção-Geral do Ensino Superior apertar a malha aos documentos apresentados para as  candidaturas a bolsas de estudo. Contudo, os funcionários públicos são os que menos hipóteses têm de apresentar “candidaturas marteladas”. A ocultação e a não declaração de rendimentos na totalidade permite aceder a esse benefício. Aí sim, a iniciativa privada está na vanguarda.

Ademar Costa, Póvoa de Varzim