As Festas de Lisboa...

...estão de volta para animar os alfacinhas, e não só! As Festas fazem-se, claro, pelos bairros da cidade, nos típicos Arraias. Aproveito este texto para elogiar a Freguesia Campo Grande-Alvalade, onde resido, que este ano, junto à Estátua de Santo António, vai inaugurar o seu Arraial, com música, e os chamados "comes e bebes". Os Casamentos de Santo António e as Marchas Populares, na Avenida da Liberdade, mais uma vez fazem parte destas tradicionais Festas de Lisboa. Como homem bairrista, nascido e criado na Velha Bica, felicito também o Dr. Fernando Medina, Presidente da Câmara Municipal de Lisboa, que comunicou que "Quase toda a programação é de entrada gratuita. Queremos que as Festas sejam realmente para todos, sem barreiras". Em meu nome e em nome dos velhos Bairros de Lisboa, o nosso muito obrigado. Lisboa, quer queiram quer não, "é linda"...

Tomaz Albuquerque, Lisboa

Reunião descentralizada da CML

O Presidente da Câmara chega com meia hora de atraso e dá início à sessão, pedindo desculpa à assembleia e anunciando que abandonará a reunião duas horas depois e deixará a substituí-lo um dos Vereadores. Ninguém protesta! Chama ao microfone o primeiro orador, que inicia os queixumes. O Presidente pega no telemóvel e martela uma mensagem. Alguns Vereadores sacam também dos telemóveis e começam a fazer telefonemas, uns escondendo a boca com a mão, outros sem qualquer recato. A Vereadora baixa a cabeça e entretém-se com qualquer coisa que tem no colo ou na mesa. Os oradores sucedem-se sem que a mesa lhes preste a devida atenção. Três vereadores vão dando respostas evasivas às interpelações. O Presidente anuncia o sétimo orador e pronuncia o meu nome. Aproximo-me do microfone, profundamente irritado. Consigo ler, com a voz embargada pela ira, duas páginas A4, correspondentes aos três minutos de tempo de antena concedidos. Terminada a leitura, subi o tom de voz, dirigi a palavra ao Presidente e acusei-o e à mesa de desrespeito para com a plateia, pelo uso dos telemóveis e alheamento face aos oradores. Perplexidade! Os telemóveis saem das orelhas e aterram no tampo da mesa, que fica em silêncio, petrificada e a olhar finalmente para mim. Abandono o microfone e a plateia manifesta-se pela primeira vez com palmas. Em resposta, o Vereador dos Espaços Verdes mostra-se interessado em saber o que se passa nos Parques das Conchas e dos Lilases e a Vereadora da Cultura dispara em todas as direcções sem acertar no espírito que me levou a falar sobre a cultura e as Freguesias. Minutos depois, o Presidente abandona a reunião. Segui-lhe o rasto, não sem ter olhado, por último, a plateia e verificado que as pessoas aceitam todas as humilhações e continuam sentadas depois do abandono desrespeitoso do Presidente. Não volto àquele circo!

José Carlos Barros, Lisboa

Onde andas investimento?

Para atingir a meta de crescimento prevista pelo governo seria necessário que o investimento ultrapassasse os 7 p.p. A última vez que foi possível apresentar um valor desta magnitude foi em 1998, ano de eleições autárquicas, que correspondeu a um forte aumento da despesa pública em infra-estruturas, com especial destaque para a famosa Expo98 e para a ponte Vasco da Gama. Porém, os tempos são outros, a disponibilidade de crédito é bastante reduzida, as perspectivas no sector privado são demasiado baixas e as exigências de Bruxelas colocam de parte qualquer movimento do lado do Estado que preencha os montantes necessários. Mesmo as previsões mais optimistas apontam para um crescimento bastante ténue desta rubrica. Desta forma, mesmo que sejam “despejados” fundos comunitários em tempo recorde sobre a economia, muito dificilmente esta rubrica sofrerá alterações até ao final do ano. Desta forma, convém preparar novas medidas de consolidação orçamental o mais cedo possível, evitando chegar ao final do ano em apuros e na iminência de sanções comunitárias. O clima Europeu para com os Estados incumpridores não se apresenta fácil, inclusivamente para economias mais poderosas, como Espanha ou Itália. Além disso, o problema bancário e do sector financeiro está longe de estar resolvido, o que mais cedo ou mais tarde obrigará o governo a recorrer à ajuda dos parceiros europeus. Numa situação de incumprimento, este pedido de ajuda poderá vir acompanhado de exigências duras e medidas de austeridade, acima do necessário e daquilo que a razoabilidade económica aconselha. No entanto, é preciso não esquecer, como o caso da Grécia assim o indica, que os instrumentos de natureza económica da zona euro são utilizados para punir e premiar os Estados, em função das suas contas públicas e do respeito perante os preceitos europeus. Mais do que esperar benesses de Alemães e Holandeses, o importante passa por executar o trabalho de casa, de forma eficiente e evitar a todo o custo perturbações ou sanções que afectarão, cedo ou tarde, a população portuguesa.

João António do Poço Ramos, Póvoa de Varzim