Tecnologia vs (des)emprego
Para se ter uma opinião mais parcial acerca do impacto final das novas tecnologias na vida das pessoas que compõem as sociedades atuais, é necessário despirmo-nos dos papéis profissionais que desempenhamos no quotidiano.
Ao tirar uma fotografia à evolução das profissões ao longo da história da humanidade, percebemos que têm sofrido constantes mutações com a própria evolução da sociedade, talvez as mais marcantes com a passagem da agricultura para a Revolução Industrial e esta que estamos a viver agora, na Sociedade da Informação.
As sociedades, à semelhança do ser humano, adaptam-se e encontram sempre formas de estabelecer um novo equilíbrio, sendo corrente que ao longo da nossa história desapareçam certas profissões em detrimento de outras. Estas últimas têm uma ligação direta com as novas tecnologias, o que fomenta uma crescente competitividade do mercado, composto cada vez mais por pessoas com mais conhecimento, mais formação e cada vez mais especializadas.
Profissões na área da informática, responsáveis pelo desenvolvimento de websites, softwares ou outro tipo de programação, são exemplos que não existiam há umas décadas atrás. A tecnologia tem segmentado muito o mercado de trabalho, onde até as pessoas com menos formação têm mais oportunidades, na medida em que essa própria segmentação de atividades visa atingir universos cada vez mais especializados e o mercado de trabalho procura cada vez mais por mão-de-obra específica. Com os cursos de especialização que existem e novas oportunidades, pessoas com menos formação podem agora especializar-se em novas áreas e desenvolver novas profissões.
É verdade que a mudança, em primeira instância, assusta. Mas a adaptação a novos métodos de trabalho e até em atividades do dia-a-dia, como ir às compras, é essencial. Quando vamos, por exemplo, a um hipermercado e nos deparamos com uma caixa de atendimento automático, sem colaborador direto para nos processar uma compra, à partida pensamos que se trata de mais um posto de trabalho que se extinguiu, no entanto, este novo sistema necessita de apoio para monitorizar a assegurar que o sistema não tem falhas e para esclarecer quaisquer dúvidas da parte dos consumidores. Além disso, com o e-commerce, por exemplo, é necessário que existam colaboradores de suporte que recebam os pedidos e que assegurem as entregas dos produtos.
O que acontece é que as novas tecnologias têm o poder de catalisar o progresso económico e permitir a criação de novos postos de trabalho. Com as novas atividades e empregos que se vão criando, e no mundo atual, não há a menor possibilidade das empresas competirem fora destes avanços tecnológicos.
Se a situação do emprego é difícil com tecnologia, seria catastrófica sem ela. Há que salientar ainda que as economias altamente automatizadas não têm necessariamente as taxas de desemprego mais altas.
A tecnologia tem de ser produzida e para tal está dependente de pessoas, onde a especialização é fundamental. É assim importante investir em mão-de-obra qualificada e especializada. Assim, e na minha opinião, a solução para o desemprego não é banir a tecnologia mas melhorar a qualificação da mão-de-obra disponível.
Para a retoma da nossa economia e evolução da sociedade, temos de ter cada vez mais em consideração a importância de investir na qualificação e a exportação de tecnologia de ponta.