Fazer “compras” no lixo dos supermercados é o truque de uma dinamarquesa para viajar

Sofie Juel-Andersen diz que há quatro anos desistiu de gastar dinheiro em mercearias e produtos frescos, encontrando-os nos caixotes do lixo atrás dos supermercados. O que poupa, investe em viagens.

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Sofie Juel-Andersen partilha numa conta de Instagram as suas descobertas diárias DR/Instagram
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O que para alguns poderia ser encarado como desperdício alimentar, para a dinamarquesa Sofie Juel-Andersen, de 30 anos, é uma oportunidade para poupar: há quatro anos que não vai às compras, optando por se abastecer nos caixotes do lixo dos supermercados a custo zero. O que poupa, investe em viagens.

A aventura de Sofie começou quando vivia em Sydney, Austrália, depois de a irmã lhe ter enviado uma fotografia de um contentor de lixo de um supermercado e ela ter avistado na imagem “alguns tesouros”, contou à SWNS. Com uma amiga, decidiu encetar a sua própria caça ao tesouro e depressa concluiu que, embora tivesse dinheiro para gastar em supermercado, não precisava. “O que encontrei foi uma loucura. Estava cheio de comida — alguma tinha expirado, mas muita não. Foi como uma caça ao tesouro para mim. Apercebi-me rapidamente que havia tanta comida boa nos contentores do lixo que já não precisava de ir às compras.”

A maioria, diz, já passou da validade, mas apenas um ou dois dias. E, dependendo do produto, encontra-se em óptimo estado. Mas, relata, também já encontrou “300 latas de Diet Coke ainda nas caixas e uma caixa inteira de garrafas de kombucha que tinham sido deitadas fora porque uma delas estava danificada.”

De volta à Dinamarca, Sofie não desistiu do seu método de encher a despensa, frigorífico e congelador. Nas lojas, apenas compra alguns artigos domésticos, como papel higiénico, detergente da loiça e pasta de dentes, o que, feitas as contas, significou um gasto de 711,89 coroas dinamarquesas, ou seja, apenas 95,40€, ao longo de todo o ano de 2024​.

O montante que poupou, gastou em viagens: “Gastei muito do meu dinheiro a visitar amigos em todo o mundo”, disse Sofie, que trabalha como gerente de um restaurante, o que também lhe permite poupar, já que, por vezes, faz as suas refeições no local de trabalho. Além disso, como gasta menos, precisa de ganhar menos, o que significa que optou por trabalhar apenas três dias por semana. “O mergulho no lixo dá-me a liberdade de gastar mais nas coisas de que gosto.”

A dinamarquesa, que diz já ter recrutado a família para a sua actividade, confessa que começou com o objectivo de poupar, mas hoje olha para o que faz como uma forma de contrariar o desperdício. “Quero sensibilizar as pessoas para o desperdício alimentar, mas também para a forma como vemos os alimentos e para o facto de poderem continuar a ser bons, mesmo que a data tenha expirado ou que o vegetal tenha um defeito.”

Sofie, que tem uma conta no Instagram, onde partilha as suas descobertas, deixa ainda dicas para quem pretenda aderir à corrente. Para começar, diz, é sempre bom ir com companhia e que é essencial verificar se se está a infringir alguma lei. Depois, aconselha, é sempre de levar toalhitas e desinfectante. E, avalia, se os funcionários do supermercado pedirem para se afastar, é de respeitar.

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