Rutte avisa aliados da NATO: ou gastam mais na defesa, ou começam a aprender a falar russo

Secretário-geral da NATO diz no Parlamento Europeu que sem mais investimento em defesa, não será possível assegurar a segurança da Europa daqui a quatro ou cinco anos.

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Mark Rutte, secretário-geral da NATO Yves Herman / REUTERS
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O secretário-geral da NATO, Mark Rutte, voltou a defender um acréscimo significativo do investimento em defesa dos países da União Europeia que são membros da organização militar transatlântica, repetindo esta segunda-feira, durante uma sessão no Parlamento Europeu, que os 2% do Produto Interno Bruto com que os aliados se comprometeram há uma década “é claramente insuficiente” e que sem uma revisão desse valor não será possível assegurar a segurança e capacidade de defesa da Europa.

“O problema é que os 2% não chegam, nem de perto nem de longe, para nos defendermos e continuarmos seguros daqui a quatro ou cinco anos. Por isso, ou decidem agora gastar mais, ou começam a aprender a falar russo, ou vão para a Nova Zelândia”, ironizou o líder da NATO, que não quis comprometer-se com um novo valor, apesar de ter sido pressionado pelos eurodeputados para esclarecer se concorda com a meta de 5% do PIB em despesas militares que foi apontada pelo Presidente eleito dos Estados Unidos, Donald Trump, numa conferência de imprensa no seu resort de Mar-a-Lago, na última terça-feira.

A uma semana da tomada de posse para um segundo mandato na Casa Branca, o secretário-geral da NATO repetiu que Trump teve razão, há oito anos, quando exigiu que os aliados começassem a investir mais em defesa, em vez de confiar essa responsabilidade aos Estados Unidos. “Estou absolutamente convencido de que os EUA se manterão na NATO e que a Europa pode contar com os EUA. Mas temos de nos certificar de que o argumento de que nós podemos gastar mais noutras coisas, porque os EUA gastam na defesa, deixa de ter validade”, referiu.

Mark Rutte negou ter sugerido que os aliados que aumentassem o investimento militar para os 4% do PIB – um novo montante que, assinalou o eurodeputado belga do grupo d’A Esquerda, Marc Botenga, obrigaria o seu país a rever o orçamento da defesa dos 7000 milhões para os 30 mil milhões de euros. O secretário-geral da NATO, e ex-primeiro-ministro dos Países Baixos, admitiu que “gastar mais na defesa significa gastar menos noutras prioridades – se não se quiser subir os impostos”, mas não quis perder tempo em cálculos.

“Não quero dizer um número”, respondeu. No entanto, como lembrou aos membros da comissão de Negócios Estrangeiros e subcomissão de Defesa e Segurança que o convidaram para uma troca de pontos de vista, durante o período da Guerra Fria os aliados gastavam mais de 3% do PIB na defesa. “E se olharmos para os requisitos actuais em termos de necessidades de capacidades que emergem do processo de planeamento interno da NATO, diria que [a próxima meta] deveria ser mais de 3%”, acrescentou.

Rutte também não quis responder às perguntas dos eurodeputados sobre uma hipotética ofensiva militar dos Estados Unidos na Gronelândia – um cenário que o Presidente eleito Donald Trump não descartou na mesma conferência de imprensa da semana passada em que renovou o seu interesse em assumir o controlo daquele território autónomo gerido pela Dinamarca.

O líder da NATO desvalorizou, e salientou a reacção da primeira-ministra dinamarquesa, Mette Frederiksen, “que voltou a falar sobre o que está em jogo, que é o papel estratégico do Ártico”. Para Rutte, o que deve ser discutido – “no seio da NATO, e entre os EUA e a UE” – é como garantir a segurança da região. “Não se trata de saber quem governa ou controla a Gronelândia; trata-se, evidentemente, de garantir que o Ártico se mantém inalterado”, considerou.

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