Ferro Rodrigues sugere primárias no PS para escolher candidato à Presidência
O antigo presidente da Assembleia da República entende que “há tempo” para implementar a ideia. Augusto Santos Silva, possível candidato, considera primárias “um bom método”.
Contam-se pelo menos quatro possíveis candidaturas socialistas para as próximas eleições à Presidência da República, em Janeiro de 2026: António José Seguro, Mário Centeno, António Vitorino e Augusto Santos Silva. E, para escolher qual destas candidaturas é que o partido deve apoiar, o antigo presidente da Assembleia da República Eduardo Ferro Rodrigues sugere que o PS realize eleições primárias abertas, envolvendo militantes e simpatizantes.
A notícia é avançada esta sexta-feira pelo Expresso. “Só poderá ter hipótese de passar à segunda volta uma candidatura que abranja todo o partido após convenção de proclamação posterior a eleições primárias abertas”, defendeu Ferro Rodrigues ao semanário. O também ex-líder do PS entende que “há tempo” para implementar a ideia e “fortes razões políticas” para a adoptar. Além disso, considera que esta seria uma forma de combater “a onda populista e os ataques aos partidos democráticos”.
Também Augusto Santos Silva, ex-presidente da Assembleia da República e possível candidato à Presidência, já veio dizer, em declarações à TSF, que a realização de eleições primárias no PS para escolher o candidato presidencial seria "um bom método".
Por outro lado, o socialista Daniel Adrião, que representa uma facção minoritária do PS, está a dinamizar um “Manifesto em Defesa de Um Referendo para a Decisão do Apoio do PS a Um Candidato Presidencial”. “Sempre que o PS abriu as portas à cidadania, ganhou mais força e mobilizou os portugueses, inaugurando novos ciclos políticos”, entende Adrião, em declarações ao Expresso.
A realização de eleições primárias só poderá avançar se tiver a concordância do secretário-geral do PS, Pedro Nuno Santos. Depois, tem de ser aprovada pela Comissão Nacional do partido.
Em 2014, o PS também realizou eleições primárias para determinar quem seria o candidato a primeiro-ministro nas legislativas marcadas para o ano seguinte, um escrutínio que ditou a demissão de António José Seguro do cargo de secretário-geral do partido. António Costa, que venceu então as primárias, manteve-se à frente do Governo até Março de 2024.
Para já, e entre os possíveis candidatos socialistas à Presidência da República, António José Seguro já começou a abrir caminho, com uma estratégia que poderá replicar aquela que Jorge Sampaio adoptou quando avançou sozinho em 1995, 11 meses antes das eleições e numa altura em que o PS de António Guterres ainda pensava noutros candidatos presidenciais. Sampaio venceu Cavaco Silva no ano seguinte com 53,91% dos votos.
Pedro Nuno Santos deverá almoçar com todos os protocandidatos a Belém que surgem na área do PS e já o fez com António José Seguro e Mário Centeno, como avançou o PÚBLICO. Recorde-se que o nome de Seguro foi lançado pelo próprio secretário-geral do PS em entrevista à CNN. Na sequência dessas afirmações, António José Seguro admitiu, ao mesmo canal, que estava "a ponderar" uma candidatura à Presidência.