Quase centenária, a pastelaria Bijou de Cascais fecha portas

Inaugurada em 1929, a pastelaria clássica de Cascais fechou no final de 2024. Pedro Canelas, sócio-gerente desde 1988, queria deixar o negócio. Um impasse nas licenças tem impedido o trespasse.

Bijou Cascais
Fotogaleria
Bijou Cascais dr
Bijou Cascais
Fotogaleria
Bijou Cascais dr
Bijou Cascais
Fotogaleria
Bijou Cascais dr
Bijou Cascais
Fotogaleria
Bijou Cascais dr
Ouça este artigo
00:00
02:24

Exclusivo Gostaria de Ouvir? Assine já

A pastelaria Bijou de Cascais encerrou no final de 2024. Inaugurada em 1929 junto ao Largo Camões, no centro histórico da vila, era afamada pelos doces regionais, como as areias e as nozes de Cascais, entre outra pastelaria de fabrico próprio, casos dos pastéis de nata e dos jesuítas de amêndoa, seguindo receitas da casa.

Pedro Canelas, sócio-gerente desde 1988, tinha decidido “no início do ano passado que só ficaria até ao final do ano”, por “motivos pessoais”, incluindo de saúde, conta à Fugas. A 1 de Janeiro, o anúncio chegou às redes sociais: a Bijou tinha encerrado “por tempo indeterminado”.

“Tenho procurado alguém que quisesse continuar o negócio”, mas “um impasse processual com a autarquia” na atribuição de nova licença de utilização do espaço ao lado, para o qual a Bijou de Cascais tinha entretanto crescido durante a pandemia, com a aquisição e restauro do “imóvel devoluto”, passando de 60 para 600m2, tem inviabilizado o trespasse.

Foto
O café e os grãos eram uma âncora da Bijou Cascais dr

O processo de despedimento colectivo dos 20 trabalhadores já estava em curso e, por isso, a pastelaria fechou sem novo dono. Pedro Canelas tem esperança de que seja temporário e que a Bijou volte a abrir com outros proprietários uma vez resolvido o “impasse”, uma vez que “alguns [investidores] demonstraram interesse”. “Vamos ver o futuro. Gostava que continuasse.”

A Bijou de Cascais foi fundada por Alfredo Paulino em 1929. “Vivia no 1.º andar e tinha a pastelaria em baixo.” Foi depois vendida aos seus contabilistas, mas “pouco tempo depois” Carlos Bagulho quis deixar o negócio e convidou o pai de Pedro Canelas a ficar com a sua parte da sociedade, recorda. Pedro lembra-se de vir à Bijou “desde miúdo” e, com o pai, começou a estudar e a trabalhar na pastelaria, até assumir o lugar com o falecimento do pai, em 1985.

Foto
Uma imagem de outras décadas da vida da Bijou Cascais, divulgada pela pastelaria dr

Em 1988, passou a ser o único proprietário da Bijou. Entretanto, apostaram na torrefacção de café e na confecção de outros produtos. E, em 2018, iniciaram o processo de aquisição e recuperação do imóvel vizinho para ampliar a pastelaria, um “investimento muito grande” que permitiu ter também cozinha.

No Facebook, a gerência deixou uma mensagem aos seus clientes: "Agradecemos profundamente a todos os nossos clientes e amigos pelo carinho e apoio ao longo deste percurso", lê-se. "Obrigado por fazerem parte da nossa história."

Sugerir correcção
Comentar