Sporting vence Benfica em Alvalade e regressa à liderança
Geny voltou a decidir o “derby” ao marcar o golo do triunfo “leonino” na estreia de Rui Borges. “Encarnados” perdem pela primeira vez na Liga com Lage e baixam ao terceiro lugar.
Depois de uma fase escura com João Pereira, o Sporting voltou a ver a luz com o seu novo treinador. Na estreia de Rui Borges no banco, os "leões" venceram em Alvalade o "derby" com o Benfica, por 1-0, e vão fechar o ano como líderes, agora com 40 pontos, tantos quanto o FC Porto, mas com vantagem no confronto directo. Já o Benfica, que tinha passado o Natal no comando, vai passar o ano no terceiro lugar, com 38 pontos, depois de ter sofrido a sua primeira derrota no campeonato desde que Bruno Lage substituiu Roger Schmidt, em Agosto passado.
Em Alvalade, o ex-líder contra a equipa que entrara na última jornada do ano como líder, um treinador estreante contra um treinador consolidado, um grupo em crise de identidade contra um grupo que entrou na rotina mais desejável, a das vitórias. Do lado do Sporting, a maior pergunta era qual o plano táctico estratégico que Rui Borges preparara em apenas três dias? E como iria Bruno Lage preparar o Benfica para uma eventual surpresa do “leão”? Houve surpresas dos dois lados.
Já era previsível que acontecessem e a ficha de jogo confirmou-o: o Sporting abandonou o seu 3x4x3 em benefício de um 4x4x2, com Quaresma como lateral-direito e Matheus na esquerda. Regressou Morita ao meio, com Geny a avançar pela direita e Quenda pela esquerda. Quanto aos “encarnados”, uma alteração no ataque, o suíço de pé quente Amdouni com entrada directa no “onze”, relegando Pavlidis para o banco. Em teoria, mais mobilidade no ataque, com Di María e Akturkoglu também sempre em movimento.
O Sporting reagiu bem às ideias do novo treinador que, na verdade não eram assim tão diferentes das do treinador que iniciou a época – Rui Borges tinha razão em dizer que a táctica é apenas um ponto de partida, o que interessa são as dinâmicas. E a dinâmica estava toda lá: pressão alta, reacção à perda da bola, saber quando correr e quando pausar. E o Benfica não sabia como lidar com isto. Tinha dois planos, sair em construção a partir de trás ou em transições rápidas. Nenhum deles funcionava.
Os “leões” começaram a somar aproximações perigosas à baliza de Trubin praticamente desde o arranque do jogo. Logo aos 2’, num livre pela direita, Trincão deu curto para Quenda, que fez o cruzamento para Diomande, mas o central, com pouco ângulo, atirou para a rede lateral. Aos 17’, foi Quenda a ser o alvo de um cruzamento perfeito de Trincão, mas Trubin fez bem a mancha e negou o golo ao jovem extremo “leonino”.
O melhor que o Benfica fez na primeira parte veio de um livre directo de Kokçu, aos 26’. Ligeiramente descaído para a esquerda, o internacional turco atirou ao poste mais distante e a bola ia em rota de colisão com a baliza, mas Israel estava lá. De resto, o jogo “encarnado” era bastante tímido e, por vezes, confuso, cheio de recuos e ideias falhadas.
O golo do Sporting surgiu com toda a naturalidade, aos 29’. Gyökeres teve espaço para correr, ultrapassou facilmente Tomás Araújo e fez o cruzamento atrasado para Geny fuzilar, de primeira, para o 1-0. O moçambicano já tinha sido duplamente o herói no “derby” em Alvalade, na época passada, e confirmava a sua apetência em marcar golos ao Benfica.
Os “leões” não descansaram à sombra do golo conquistado e tentaram aumentar a vantagem, mas o Benfica, mesmo sem criar perigo, conseguiu manter os danos no mínimo. Quando chegou o intervalo, Bruno Lage tinha muito em que pensar. Quando os “encarnados” regressaram para o segundo tempo, vieram com uma diferença: com Leandro Barreiro e sem Florentino Luís. Era preciso equilibrar a batalha do meio-campo, onde Hjulmand estava em modo autoritário.
O Benfica regressou ao relvado e sentiram-se de imediato os efeitos da mudança. Tudo o que não tinha conseguido fazer até então – pressão alta, boas decisões – foi uma constante com a introdução do internacional luxemburguês. E conseguiu criar muitos problemas ao até então tranquilo Sporting. Aos 55’, Israel voltou a brilhar, mostrando-se muito atento a um cruzamento remate de Bah. Pouco depois, aos 61’, foi Amdouni a receber um passe brilhante de Kokçu no coração da área, mas o suíço atirou por cima.
Rui Borges sentiu a equipa a quebrar e fez uma tripla substituição aos 70’, com a introdução de Fresneda, Maxi Araújo e João Simões para os lugares de Quaresma, Morita e Quenda. Lage respondeu com as entradas de Pavlidis e Beste, tirando do jogo Amdouni e Akturkoglu, mais tarde reforçando o ataque com Arthur Cabral. O Benfica manteve o ascendente no jogo, mas o Sporting conseguiu equilibrar e até teve duas grandes bolas para fazer o 2-0 - de Geny e de Gyökeres. Como o seu novo treinador tinha pedido, quando faltasse inspiração, que houvesse atitude. O Sporting teve atitude.