Cartas ao director

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Mensagem de Natal

Durante cerca de um minuto e quinze senti-me embevecido com o nosso primeiro-ministro. Desejou um bom Natal a todos. Os que precisam, os que estão na pobreza (gostei muito), os desempregados, os que estão sozinhos. Às vítimas de violência. Aos sem-abrigo, etc. etc. Depois os que estão a trabalhar no cumprimento das suas obrigações. A seguir à tropa destacada no estrangeiro (gostei especialmente).

Depois, passaram mais cerca de dois minutos a ouvir o primeiro-ministro a dizer o que nos deram e o bem que nos fizeram. A cenoura. Deram-nos o que podiam dar, embora não dando tudo. P’ro ano há mais. A seguir, durante mais de dois minutos e meio, veio então uma pazada de promessas, daquelas que sabe mesmo muito bem ouvir. Com as guerras que há por aí, a França e a Alemanha num sufoco. Afinal, nós estamos num verdadeiro “oásis” (onde é que eu já ouvi isto) e não sabíamos. Calma.

Pois eu, vou pedir muito ao Menino Jesus, neste Natal, para que ajude o nosso primeiro-ministro a cumprir tudo o que prometeu e, de hoje a um ano, cá estaremos.

José Rebelo, Caparica

Propaganda em tempo de Natal

O primeiro-ministro fez um discurso propagandista. Este estilo de abordagem não tem consonância com a época que celebramos; pelo contrário, desvirtua-a e inquina-a. No mínimo, este discurso poderia ser apresentado em final de ano. Fora isso, o discurso é, simplesmente, deselegante, descontextualizado e interesseiro: com falta de nível político e de Estado.

Luís Filipe Rodrigues, Santo Tirso

Evangelhos

Li, no PÚBLICO de 24 de Dezembro, umas tantas palavras de Frederico Lourenço sobre os 4 Evangelhos... Devo dizer que, na verdade, o que lhe falta a ele que não é historiador é saber que entre os estudos de História até hoje mais aprofundados se contam as Fontes do Cristianismo Fontes escritas e Tradição que vem dos Apóstolos. E para tomar conhecimento desses estudos de Heurística e Hermenêutica (Exegese) Bíblicas será necessário ler sobre História o Marc Bloch e sobre os Evangelhos (que não são biografias, mas têm, cada um, o seu autor) não esquecer que "a falta de evidência não é a evidência da falta" (Michael Lemonick).

António do Carmo Reis, Fajozes

Ventura e o comentário despropositado

André Ventura, no pretérito dia 23, voltou ao Martim Moniz numa acção de propaganda do seu partido após o alvoroço e alarido provocados pela operação especial da PSP que “obrigou” as pessoas a voltarem-se para a parede a fim de serem revistadas. Ventura dirigiu-se a um imigrante, julgo que de origem nepalesa, e afirmou: "Não me leve a mal, eu é que o cumprimento por estar aqui e não o senhor por estar aqui, porque a terra ainda é nossa.” Esta parte final da expressão, “a terra é nossa”, é descabida e encerra uma sobranceria possidónia, quiçá racista, que não se justifica. Seria necessário lembrar ao imigrante que “a terra é nossa”? Por ventura quererão os imigrantes “apoderarem-se” de Portugal? Ventura foi infeliz no que disse mas não ficou sem resposta. O imigrante, já com alguma idade, retorquiu: “A terra é nossa mas todos têm de ser decentes.”

António Cândido Miguéis, Vila Real

É preciso mudar a lei

Tomo a palavra vergonha, e o sentido do título, ao nosso maior populista e demagogo, que, pasme-se, nunca a invocou na AR para exigir esta mudança na lei que se impõe, pois como está dá cobertura a crimes e a dramas familiares e sociais: as frequentes mortes nas estradas e ruas, às vezes nas passadeiras de peões. A morte de Pedro Sobral numa avenida de Lisboa relembrou-me, mais uma vez, o expediente cada vez mais usado por criminosos à solta ao volante de viaturas. Circulam embriagados, por vezes com taxas de alcoolemia que os enviariam imediatamente para a prisão, mas usam o expediente de fugir e de se apresentarem à polícia umas horas depois, quando o efeito do álcool ingerido tiver passado.

Não se podendo evitar esta conduta criminosa, é urgente agravar o abandono das vítimas de modo a desincentivar, efectivamente, esta prática criminosa. A função do legislador (os deputados) é tratar, com zelo e oportunidade, o que interessa aos cidadãos, e não de se entreter com retórica estéril.

Manuel Henrique Figueira, Palmela

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