Israel ordena encerramento de um dos últimos hospitais a funcionar no Norte de Gaza

Director diz que é quase impossível evacuar o hospital e denuncia ataques à unidade de cuidados intensivos.

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Um dos últimos hospitais a funcionar no norte de Gaza sob ataque Stringer / REUTERS
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Israel ordenou o encerramento e a evacuação de um dos últimos hospitais em funcionamento no Norte da Faixa de Gaza, numa altura em que os bombardeamentos das forças israelitas continuam a atingir a região, tendo matado 35 pessoas nas últimas 24 horas, segundo a Protecção Civil de Gaza.

O hospital Kamal Adwan na cidade de Beit Lahiya, tem sido, segundo o pessoal médico, alvo de vários ataques israelitas nos últimos dias, incluindo em zonas particularmente sensíveis num hospital cujo funcionamento é já parcial.

"Estamos a enfrentar novamente um bombardeamento directo da unidade de cuidados intensivos novamente", afirmou o médico e director do estabelecimento hospitalar Kamal Adwan, Hussam Abu Safiya, numa mensagem de vídeo citada pela Al Jazeera.

"O berçário, a maternidade e todos os departamentos do hospital estão a ser alvo das forças de ocupação com todos os tipos de armas, incluindo fogo de atiradores furtivos, projécteis de tanques e quadricópteros", acrescentou​ o médico, que explicou à Reuters como a evacuação do hospital, ordenada por Israel, era "quase impossível".

"Temos actualmente cerca de 400 civis no hospital, incluindo bebés na unidade neonatal, cujas vidas dependem de oxigénio e de incubadoras. Não podemos retirar estes pacientes em segurança sem assistência, equipamento e tempo​", disse o director, explicando que a mensagem para a Reuters foi enviada "sob bombardeamento pesado e com alvo directo nos tanques de combustível, que, se atingidos, causarão uma grande explosão e baixas em massa dos civis no interior".

Não é a primeira vez que o hospital Kamal Adwan é visado por ataques israelitas desde 7 de Outubro de 2023, dia em que um ataque do grupo islamista Hamas dentro de Israel provocou a morte de cerca de 1200 pessoas, seguida de uma resposta israelita que, quer através de ataques aéreos, quer através da invasão terrestre da Faixa de Gaza, já matou mais de 45 mil palestinianos.

No início de Dezembro deste ano, o hospital foi alvo de um ataque que envolveu ataques aéreos e soldados a entrarem no hospital, ordenando ao staff que saísse antes de permitir a sua reentrada. Quatro funcionários do hospital foram mortos neste ataque.

35 palestinianos mortos em 24 horas

Pelo menos 35 pessoas morreram nas últimas 24 horas devido a bombardeamentos das Forças de Defesa de Israel (IDF, na sigla em inglês) na Faixa de Gaza, avançou a Protecção Civil do território palestiniano.

Um dos ataques aéreos teve como alvo um edifício da escola Moussa Ben Nousseir que albergava deslocados na Cidade de Gaza, no Norte do enclave, durante a madrugada de domingo e fez oito mortos, incluindo quatro crianças, disse a Protecção Civil.

As IDF alegaram ter realizado “um ataque direccionado contra terroristas do [movimento islamista palestiniano] Hamas que operavam” dentro do sistema “para preparar ataques terroristas contra as tropas israelitas e o Estado de Israel”.

“Foram tomadas várias medidas antecipadamente para reduzir o risco de afectar os civis”, disse o Exército israelita.

De acordo com a Protecção Civil, um outro ataque, visando a casa de uma família em Deir al-Balah, também no centro da Faixa de Gaza, fez 13 vítimas.

O Exército israelita indicou que tinha como alvo, "com base em inteligência", um terrorista da Jihad Islâmica, outro movimento armado palestiniano, e que o referido número de 13 mortos não correspondia às informações de que dispunha.

As equipas de resgate de Gaza reportaram ainda três mortes “não identificadas” num ataque perto de Rafah, no Sul do enclave, e outras quatro na Cidade de Gaza num ataque com drones.

Na noite de domingo, pelo menos sete pessoas morreram num bombardeamento israelita contra tendas que albergam palestinianos deslocados, perto do Hospital Britânico na chamada "zona humanitária" de Al Mawasi, na costa sul da Faixa de Gaza.

De acordo com fontes locais, citadas pela agência de notícias palestiniana WAFA, há “dezenas de feridos com diversas lesões” e o ataque aéreo provocou vários incêndios que estão a dificultar o acesso das equipas de resgate às vítimas.

As IDF alegaram que um caça atacou “um terrorista” do Hamas, “que operava na zona humanitária de Khan Yunis”, a cerca de nove quilómetros de Al Mawasi.

No sábado, o movimento palestiniano adiantou que está “mais próximo do que nunca” de um possível acordo de paz para Gaza se Israel deixar de acrescentar novos termos às “difíceis negociações” para pôr fim a quase um ano e meio de conflito.

Mais de 45 mil palestinianos foram mortos na campanha militar de retaliação de Israel em território palestiniano, a maioria dos quais civis, segundo dados do Ministério da Saúde do governo de Gaza, controlado pelo Hamas.