Gouveia e Melo: “Não faz sentido continuar como uma sombra na Marinha”
O almirante Gouveia e Melo diz que “é altura de deixar a Marinha em mãos mais jovens”. A carreira do Chefe do Estado-Maior da Armada termina ao fim de 45 anos para iniciar “uma nova fase” da sua vida.
Um dia depois da notícia sobre a sua saída para a reserva até ao final do ano, o almirante Henrique Gouveia e Melo justifica a sua decisão dizendo que "não faz sentido, depois de sair da Marinha, continuar como uma sombra relativamente à Marinha". O mandato como Chefe do Estado-Maior da Armada (CEMA) termina no próximo dia 27 de Dezembro, ao fim de 45 anos de serviço. O militar diz que passará para "uma nova fase" da sua vida, mantendo a dúvida sobre se essa decisão se traduz ou não numa candidatura à Presidência da República.
"Há 45 anos que sou militar. É altura de deixar a Marinha em mãos mais jovens, mais capazes de continuar um futuro que é o futuro que todos nós desejamos", começou por afirmar aos jornalistas, ao final da manhã desta terça-feira, junto às instalações centrais da Marinha, em Lisboa, em declarações transmitidas pelo canal televisivo Now. O almirante já tinha comunicado, no final de Novembro, a sua indisponibilidade para continuar no cargo.
"Não faz sentido, depois de sair da Marinha, continuar como uma sombra relativamente à Marinha. A Marinha vai ter um novo chefe, vai ter um novo líder, tem todo o direito de fazer as opções que quer e eu, no dia em que sair da Marinha, nunca mais vou falar da Marinha, porque isso é um assunto de quem está no activo", considerou.
Sobre a postura que irá adoptar enquanto militar na reserva, diz: "Há muita gente que sai e que nós dizemos que era muito reservada no activo e muito activa na reserva. Eu vou tentar não fazer isso".
"E, portanto, eu saio, com 45 anos de serviço, vou passar a uma nova fase da minha vida, e tenho a certeza que o meu sucessor, seja quem for escolhido, será um excelente CEMA, uma excelente Autoridade Marítima Nacional, e vai conseguir levar a Marinha como todos nós desejamos, como todos nós portugueses, desejamos, como instrumento fundamental do Estado na sua opção marítima", reforçou.
Questionado sobre quando irá comunicar qual será essa "nova fase", Gouveia e Melo disse já ter comunicado "tudo o que tinha para comunicar", preferindo centrar as atenções na assinatura de um contrato para dois Navios Reabastecedores de Esquadra e Logísticos, marcada para esta terça-feira.
"Hoje estamos aqui para falar de navios, de dois navios novos, uma grande alegria, de uma lacuna que existia há muito tempo na Marinha portuguesa. E que existia na Marinha portuguesa, na nossa capacidade de, enquanto Estado, intervir no mar e intervir através do mar. Essa lacuna está a ser fechada. E esta assinatura, este acordo, foram acordos muito bem negociados, muito difíceis de alcançar. Mas finalmente conseguimos alcançar e estamos todos muito contentes. E eu tenho a certeza que a Marinha se está a renovar, que é a coisa mais importante", destacou.
Para esta sexta-feira está marcada uma cerimónia de despedida, que o almirante prevê ser "especial". O dia da sua saída será, "eventualmente, dos dias mais tristes" da sua vida. "Mas tem que ser, é a vida", concluiu Gouveia e Melo.