Parlamento sul-coreano aprova a destituição do Presidente Yoon Suk-yeol por declarar lei marcial
Embora o voto seja secreto, pelo menos 12 deputados do Partido do Poder Popular, conservador e no poder, tiveram de apoiar a destituição, uma vez que os partidos da oposição têm total de 192 lugares.
O Parlamento sul-coreano aprovou este sábado a destituição do Presidente Yoon Suk-yeol, com o apoio de membros do próprio partido de Yoon, por este ter declarado uma breve lei marcial a 3 de Dezembro, que foi suspensa após seis horas, desencadeou o caos político e grandes protestos que exigiram a sua destituição.
Participaram no processo todos os 300 deputados da Assembleia Nacional (Parlamento), tendo o resultado sido 204 votos a favor da moção apresentada pela oposição para destituir Yoon, 85 contra, três abstenções e oito votos nulos.
Para aprovar a moção, eram necessários pelo menos 200 votos a favor (para obter uma maioria de dois terços no hemiciclo) e, embora o voto seja secreto, pelo menos 12 deputados do Partido do Poder Popular (PPP), conservador e no poder, tinham de apoiar a destituição, uma vez que os partidos da oposição têm um total de 192 lugares.
Já depois de aprovada a sua destituição, Yoon Suk Yeol prometeu não desistir e disse que faria o seu melhor pelo país até ao último minuto. "Não vou desistir", referiu, num discurso transmitido pela televisão. "Sinto-me frustrado por todos os esforços feitos até agora terem sido em vão".
Nos termos da Constituição, o primeiro-ministro, Han Duck-soo, nomeado por Yoon, torna-se Presidente interino, enquanto Yoon permanece em funções, mas com os seus poderes presidenciais suspensos. Han afirmou que envidará todos os esforços para garantir a estabilidade após a destituição do ex-Presidente. "Darei toda a minha força e os meus esforços para estabilizar o Governo", declarou Han aos jornalistas. Yoon é o segundo Presidente consecutivo a ser destituído na Coreia do Sul.
Yoon sobreviveu a uma primeira votação de impeachment no fim-de-semana passado, quando o seu partido boicotou em grande parte a votação, privando o Parlamento de um quórum. No final da tarde deste sábado, os manifestantes que apoiam a destituição de Yoon saltaram de alegria e agitaram bastões coloridos e cartazes perto do Parlamento quando a notícia lhes chegou. Em contrapartida, uma manifestação de apoiantes de Yoon depressa desmobilizou após a destituição.
Durante o dia, ainda antes da votação, a polícia da Coreia do Sul disse esperar que pelo menos 200 mil pessoas participassem numa manifestação em Seul contra Yoon Suk-yeol. Milhares de pessoas começaram a concentrar-se em frente ao Parlamento sul-coreano logo pela manhã. Junto à Assembleia Nacional, apesar de as temperaturas a rondar os zero graus de negativos, voluntários distribuíam aquecedores, café e comida.
Uma manifestante anunciou que alugou um autocarro e colocou-o à disposição dos pais que desejassem mudar fraldas e alimentar os bebés durante o protesto. A cantora de pop sul-coreano Yuri anunciou que pagou antecipadamente as refeições dos manifestantes. “Fiquem seguros e cuidem da vossa saúde”, escreveu nas redes sociais Yuri, do grupo Girl's Generation, cuja música Into the New World se tornou um hino dos protestos.