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Governo português promete emitir vistos de trabalho a imigrantes em menos de um mês
Diante da cobrança de empresários pela liberalização da entrada de trabalhadores estrangeiros em Portugal, ministro apresenta como contrapartida acelerar os vistos de entrada no país.
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O aumento da pressão de empresários sobre o Governo, para que torne mais simples e rápida a entrada de trabalhadores estrangeiros no país, diante da escassez de mão de obra, levou a uma reação. O ministro da Presidência do Conselho de Ministros, António Leitão Amaro, prometeu agilizar a emissão de vistos. Essa mesma promessa havia sido feita na segunda-feira (09/12) pelo primeiro-ministro, Luís Montenegro, em reunião com confederações patronais, que fixou prazo máximo de 30 dias para a liberação do documento. Hoje, há espera de até seis meses pelos vistos nos consulados portugueses espalhados pelo mundo. A demora é maior nas representações instaladas no Brasil.
Com o fim da Manifestação de Interesse em junho último — instrumento que permitia a qualquer pessoa entrar como turista no país e, depois, pedir a regularização documental —, diminuiu o número de trabalhadores estrangeiros em território luso. O patronato alertou ao governo que, sem trabalhadores, a economia perderá fôlego, comprometendo as metas de crescimento. Apenas no setor da construção civil, calcula-se que sejam necessários 80 mil trabalhadores.
A proposta apresentada pelo governo aos empresários prevê que os serviços consulares devem se pronunciar sobre a atribuição ou não do visto em 20 dias. “Nós assumimos o nosso compromisso, vocês assumem o vosso. Nós metemos mais gente nos postos consulares, mais 50 funcionários, aceleramos a capacidade de resposta da AIMA (Agência para Integração, Migrações e Asilo), garantimos um prazo de resposta”, disse Leitão Amaro, em discurso no International Club de Portugal, nesta quarta-feira (11/12).
As contrapartidas exigidas pelo governo são de que os empresários apresentem a lista dos postos de trabalho que pretendem preencher, façam a seleção dos trabalhadores, emitam os contratos de trabalho antes de as pessoas embarcarem nos seus países de origem e garantam condições dignas de moradia em Portugal.
Pouco realista
Para a advogada Elizabeth Lima, que trabalha com imigração, a proposta do governo de emissão de vistos de trabalho em menos de um mês é pouco realista. “Hoje, a demora é de meses para se conseguir um visto. Apenas 50 funcionários a mais nos diversos consulados não vão resolver os problemas. Portugal tem muitos consulados”, afirmou.
Ela considera que faltam meios para que o objetivo de se liberar o visto em tão pouco tempo possa ser alcançado. “Pense nos 80 mil trabalhadores que a construção civil precisa, mais os dos restaurantes e os da agricultura. São mais de 100 mil. Se chegarem 100 mil pedidos nos consulados, eles não darão conta. Mesmo agora, não estão conseguindo resolver todos os casos”, disse.
Elizabeth atribuiu a situação atual, de escassez de mão de obra, a uma visão errada de desenvolvimento. “Portugal quis atrair as pessoas mais ricas. Elas acabaram comprando casas nos centros urbanos e expulsando as pessoas que trabalham para elas para fora das cidades. E as pessoas que vão chegar com esses vistos não terão onde morar”, argumentou.
AIMA é problema
Com posição contrária, a advogada Vera Matos Pereira acredita que a meta de emissão de vistos de trabalho em menos de um mês é alcançável. “Já tive clientes que conseguiram vistos para Portugal em 15 dias. Houve um caso, de uma pessoa altamente qualificada, que conseguiu o documento em oito dias”, assinalou.
Segundo Vera, neste momento, o único consulado que está com problemas no Brasil é o de São Paulo. “A VFS informa que só abrirá vagas para entrevistas em fevereiro de 2025. Está assim desde outubro”, frisou. A VFS Global é a empresa indicada pelo governo português para fazer a preparação dos processos de imigração antes de chegarem aos consulados.
Na avaliação da advogada, o problema em São Paulo é o acúmulo de vistos para profissionais de tecnologias da informação (TI). “É um setor com muita mobilidade, e as empresas publicam muitas ofertas de emprego”, detalhou. Para ela, o entrave não é com o visto, mas com a parte seguinte do processo de legalização em Portugal. “As pessoas chegam no país com os vistos, conseguem trabalho, mas não há vagas para agendamento junto à AIMA a fim de obterem a autorização de residência”, acrescentou.