Boa parte da Champions do Benfica joga-se frente ao Bolonha
Um triunfo na Luz, frente ao Bolonha, deixará as “águias” mais protegidas de duas lutas de “tudo ou nada” nas últimas jornadas da prova.
Quando entrar em campo nesta quarta-feira, frente ao Bolonha (20h, SPTV 5), o Benfica sabe que estará a jogar boa parte do seu futuro na Liga dos Campeões. Não que o jogo seja decisivo, porque não é, mas sobretudo porque é a última partida, nesta primeira fase, que os “encarnados” podem encarar como favoritos e com alguma obrigação de vencer. E isso, mais que não seja no plano mental, pode influir no que ainda aí vem.
Antes de defrontar Juventus e Barcelona, o Benfica tem pela frente um Bolonha em pura agonia nesta prova – apenas um ponto e um mero golo marcado.
Em teoria, é um jogo para três pontos, até porque um desaire nesta partida carecerá de uma leitura futurista. Vejamos: o Benfica está em lugar de acesso ao play-off, com nove pontos, e está a um ponto dos lugares de qualificação directa e com cinco de vantagem para a zona de eliminação.
Olhando para quem vem atrás é fácil prever que equipas como PSG, Real, Juventus, Man. City, Milan e Atlético se chegarão à frente. E também é possível imaginar que equipas que vivem “acima das suas possibilidades”, como Mónaco, Aston Villa, Brest e Lille, venham a baixar esse estatuto actual.
Isto equivale a dizer que vai haver um previsível equilíbrio para as duas últimas jornadas, algo que não se coaduna com o “tudo ou nada” em desafios frente a equipas como Juventus e Barcelona. Um triunfo na Luz, frente ao Bolonha, deixará o Benfica bastante protegido destas lutas e mais ou menos fora de noites de "tudo ou nada".
Lage não quer saber de Orsolini
Este Bolonha tem alguns traços curiosos. Ofensivamente, canaliza grande parte do seu jogo pelo corredor direito (mais de 40%), que é onde está Ricardo Orsolini, o craque da equipa e melhor marcador. Ou melhor... onde costuma estar.
O italiano está lesionado e não vai à Luz, algo que é uma mudança radical no futebol do Bolonha. Bruno Lage foi questionado sobre o tema na antevisão da partida. “Não olhamos para isso, olhamos para a dinâmica da equipa. O mais importante é percebermos o que temos de fazer em campo, porque vamos encontrar um adversário muito difícil”, disparou.
No fundo, Lage apontou que, como treinador do Benfica, não se interessa por saber se o melhor jogador da equipa adversária vai ou não jogar e que alterações isso provoca na preparação da sua equipa.
Jogo partido
No capítulo defensivo, o Bolonha é uma das equipas da Champions que menos cruzamentos permitem aos adversários, mas não é uma equipa com defesa muito larga – não usa defesa a cinco, os alas não baixam muito e nenhum dos médios se coloca entre os centrais.
Isto parece um paradoxo, mas passar os olhos pelos desafios frente a Lille, Monaco e Aston Villa permite perceber o motivo. É que o Bolonha tem um perfil algo “suicida” na forma como se coloca em campo.
Sempre que estica o jogo na frente (e estica muito, como prova o terceiro lugar no ranking de bolas longas), os médios e laterais chegam-se rapidamente ao ataque. A equipa desposiciona-se com muita facilidade quando perde a bola e isso oferece transições frequentes aos adversários – que nem precisam de fazer o jogo ir aos corredores, daí o baixo valor de cruzamentos.
Daí também o facto de o Bolonha ser das equipas que menos joga no terço central do campo – os jogos “partem” muito e dá-se o famoso bola cá, bola lá.
Este perfil pode ser tudo aquilo de que o Benfica precisa. Jogadores como Di María, Akturkoglu, Carreras e Aursnes podem aproveitar situações deste tipo – que na Champions só não penalizaram ainda mais o Bolonha porque os adversários têm sido muito perdulários, sobretudo o Lille.