Preso suspeito da morte de CEO da UnitedHealth em Manhattan

O suspeito foi capturado na Pensilvânia depois de ter sido visto num McDonald’s por um empregado do restaurante, que o considerou parecido com o atirador. A caça ao homem durou cinco dias.

Foto
Um carro-patrulha da polícia de Baltimore estacionado à porta de uma antiga casa da família do suspeito GREG SAVOY / REUTERS
Ouça este artigo
00:00
03:50

Exclusivo Gostaria de Ouvir? Assine já

As autoridades prenderam o homem suspeito da morte do director executivo da seguradora UnitedHealth, Brian Thompson, atingido a tiro à porta de um hotel de Manhattan, em Nova Iorque, EUA, na semana passada, informaram as autoridades da cidade esta segunda-feira, 9 de Dezembro, pondo fim a uma caça ao homem de cinco dias.

O suspeito, identificado como Luigi Mangione, de 26 anos, foi capturado em Altoona, na Pensilvânia, depois de ter sido visto num restaurante McDonald's por um empregado que o achou parecido com o atirador, disseram as autoridades em conferência de imprensa.

Mangione foi encontrado com uma “arma-fantasma” — uma arma de fogo montada a partir de peças, tornando-a indetectável e um silenciador compatível com a arma usada para matar Thompson, assim como roupas e uma máscara semelhantes às usadas pelo assassino, disse a comissária da Polícia de Nova Iorque, Jessica Tisch. A “arma-fantasma” pode ter sido produzida por uma impressora 3D, informou, por seu lado, Joseph Kenny, o chefe dos detectives da polícia de Nova Iorque.

Mangione, natural de Maryland, tinha várias identificações falsas, incluindo uma de Nova Jersey que correspondia à usada pelo atirador quando deu entrada num albergue de Manhattan dias antes do crime, segundo as autoridades, que também encontraram um documento escrito à mão que revela “tanto a motivação como a mentalidade” do seu autor, disse Tisch. Embora o documento não mencione alvos específicos, Mangione revelava “má vontade para com o mundo empresarial norte-americano”, acrescentou Kenny.

Mangione concluiu o ensino secundário numa escola privada só para rapazes em Baltimore, como melhor aluno, em 2016, antes de tirar licenciatura e mestrado em Ciências Informáticas na Universidade da Pensilvânia, de acordo com relatos da comunicação social, publicações nas redes sociais e registos escolares. A última morada conhecida era em Honolulu, no Havai, segundo as autoridades.

Foi detido pela polícia de Altoona sob acusação de posse de armas de fogo e deverá ser acusado ainda na noite desta segunda-feira. É provável que seja extraditado para Nova Iorque para responder a acusações relacionadas com o homicídio.

Brian Thompson, de 50 anos, foi morto a tiro à porta de um hotel de Manhattan na manhã da última quarta-feira por um homem que usava uma máscara que parecia esperar pela sua chegada e que atingiu o director executivo pelas costas.

O suspeito fugiu do local do crime e depois foi de bicicleta para o Central Park. Um vídeo de vigilância captou-o a sair do parque e a apanhar um táxi para uma estação de autocarros no Norte de Manhattan, onde a polícia acredita que ele terá apanhado um autocarro para fugir da cidade.

A polícia disse que Thompson parecia ter sido deliberadamente atingido. As palavras “negar”, “defender” e “depor” foram gravadas em cartuchos de balas encontrados na cena do crime, informaram vários meios de comunicação. As palavras evocam o título de um livro crítico da indústria de seguros publicado em 2010, intitulado Delay, Deny, Defend: Why Insurance Companies Don't Pay Claims and What You Can Do About It.

Um perfil do Facebook que parece pertencer a Mangione identifica-o como natural de Towson, Maryland, e antigo aluno da Universidade da Pensilvânia, com fotografias que parecem mostrar Mangione na Universidade de Stanford. Nenhuma das universidades respondeu aos pedidos de comentário.

O assassinato de Thompson pôs a nu uma onda de raiva e frustração por parte dos americanos que viram os seus pedidos de seguro de saúde ou cuidados de saúde negados, enfrentaram custos inesperados ou pagaram mais por prémios de seguros e cuidados médicos, tendências que estão a aumentar, de acordo com dados recentes.

Thompson, pai de dois filhos, era director executivo da seguradora UnitedHealth Group desde Abril de 2021, após uma carreira de 20 anos na empresa. Estava em Nova Iorque para participar na conferência anual de investidores da empresa. “A nossa esperança é que a detenção de hoje traga algum alívio à família, aos amigos, aos colegas e a muitas outras pessoas afectadas por esta tragédia indescritível”, declarou um porta-voz da UnitedHealth.