Hyundai Santa Fe: quando mudar vale a pena
O SUV de sete lugares da Hyundai transformou-se e apresenta-se totalmente revisto, por fora e por dentro. Em suma, está melhor em todos os aspectos — e, claro, faz-se pagar.
O grande SUV da marca sul-coreana apresentou-se, nesta geração, como que a rasgar com o passado do modelo, para se revelar mais afoito e luxuoso. Poderia ser apenas conversa de marketing, mas não. O Santa Fe que acaba de chegar aos mercados pouco ou nada tem a ver com o modelo que substitui, a começar no aspecto e continuando pela forma como se deixa conduzir — se é certo que nunca se apresentou como um automóvel de difícil temperamento, também não é mentira dizer que nunca foi tão fácil assumir os seus comandos. A ponto de nos esquecermos do tamanho!
E se tudo mudou, melhor começar numa ponta e ir por aí a fora. Para começar, visualmente apresenta um design marcante, de linhas angulares, com um capot quadrado que dificilmente passará despercebido, ou se confundirá com qualquer outro, e com os faróis e as luzes traseiras a desenharem a letra “H”. Depois, entra-se no habitáculo e percebe-se que a Hyundai, apesar da grande atenção ao exterior (afinal, os olhos também comem…), não se poupou a dotar o interior de conforto, com uma atenção detalhada à funcionalidade (com cinco lugares, a mala arruma mais de 600 litros; com ambas as filas traseiras rebatidas, é até possível dormir dentro do automóvel) e sem que faltem pormenores premium, que nos levam a compará-lo com possibilidades de segmentos acima.
A posição de condução é muito boa, e as várias regulações, tanto do banco como do volante, fazem com que, num instante, nos sintamos prontos para arrancar, não havendo ângulo que identifiquemos com falta de visibilidade, para a qual também ajudam os retrovisores de dimensões generosas. E, se se preferir, é sempre possível observar no ecrã da instrumentação, de 12,3 polegadas, o que se passa de um lado e do outro da viatura, ao accionar o pisca. Há ainda outro ecrã de 12,3 polegadas, dedicado ao infoentretenimento, com sistema compatível com Android Auto e o Apple CarPlay. Os gráficos são fáceis e o sistema intuitivo e rápido.
Com sete lugares reais, com a terceira fila apta a receber adultos e com acesso facilitado, não há lugar onde não nos sintamos confortáveis, com pontos extra para quem assume os comandos. É que, não obstante as suas dimensões (4830mm de comprimento) e peso (mais de duas toneladas), o Santa Fe, servido por mecânica híbrida de ligar à corrente, que foi aquela que conduzimos, mais parece um utilitário quando chegamos a estrada aberta, respondendo com dinamismo a qualquer solicitação e a exibir uma boa aderência em curva, sem que se sinta a carroçaria a adornar mais do que seria de esperar para um SUV do seu tamanho.
Em cidade, claro, o facto de ser grande pode não ser muito simpático. E se nos metermos por ruas estreitinhas mais parece que chegámos a um desafio ao estilo de Jogos Sem Fronteiras. Vale-lhe ser muito fácil de manobrar, o que faz com que consigamos chegar à meta sem percalços.
A autonomia eléctrica não é recordista, mas o sistema híbrido funciona bem q.b. para manter os consumos baixos. E o apoio eléctrico não deixa de garantir um rolar suave e, importante, mais silencioso do que estaríamos à espera, excepto numa aceleração mais brusca, em que o motor térmico acorda para a vida.
Servido por um motor a gasolina de 1,6 litros e uma caixa de velocidades automática de seis velocidades, o PHEV conta com um motor eléctrico, dotando o automóvel de tracção integral e fazendo crescer a potência para os 253cv, que se nota bem quando se aperta um pouco mais o pedal do acelerador. Não tanto pelo tempo de aceleração de 0 a 100 km/h, de 9,3 segundos, mas pela forma como parece não se acanhar sempre que se pede um pouco mais dele, sobretudo quando a bateria está bem carregada (a autonomia eléctrica está homologada nos 54 quilómetros). A velocidade máxima é de 180 km/h.
Ao nível da segurança, o Santa Fe ainda não foi submetido a testes de colisão pelo Euro NCAP, mas não é difícil imaginar que conseguirá as cinco estrelas sem grande dificuldade, apresentando os dispositivos obrigatórios, mas também outros opcionais ainda que de grande utilidade, como a monitorização do ângulo morto.
Concluído o tempo de ensaio, a qualidade do Santa Fe não nos levanta dúvidas. Mas também é certo que se faz pagar. No nível de equipamento Vanguard, de entrada de gama, custa desde 71.205€. No entanto, sublinhe-se, chega muito bem equipado, com ar condicionado automático de duas zonas com sistema de desembaciamento automático e saídas para a segunda e terceira fila, Bluetooth com reconhecimento de voz, câmara de 360 graus, cruise control inteligente e limitador de velocidade, Head-up Display ou faróis dianteiros full LED. Ainda relevante é o facto de usufruir de garantia de sete anos sem limite de quilómetros; a bateria tem garantia de oito anos ou 160 mil quilómetros.