SNS ganha primeiros farmacêuticos com competência em oncologia até final do ano

Diferenciação vai permitir “melhor gestão da inovação terapêutica e acompanhamento dos doentes oncológicos”. Exame será em Dezembro e contará com duas dezenas de farmacêuticos com experiência na área.

Foto
Serviço Nacional de Saúde terá até final do ano os primeiros farmacêuticos com competência em oncologia Rui Gaudêncio
Ouça este artigo
00:00
02:34

Exclusivo Gostaria de Ouvir? Assine já

O Serviço Nacional de Saúde terá até final do ano os primeiros farmacêuticos com competência em oncologia, uma diferenciação que, segundo o bastonário, vai permitir melhor gestão da inovação terapêutica e acompanhamento dos doentes oncológicos.

Em declarações à Lusa, o bastonário da Ordem dos Farmacêuticos (OF), Helder Mota Filipe, explicou que o exame de primeira época está marcado para Dezembro e contará com duas dezenas de farmacêuticos que já têm experiência de acompanhamento nesta área.

“A profissão evolui, a ciência e a intervenção clínica vão evoluindo e a área da oncologia é uma das áreas com maior inovação e, portanto, é importante que se criem mecanismos de diferenciação”, considerou o bastonário, lembrando que essa diferenciação permite “gerir melhor toda a inovação terapêutica e a boa utilização dos medicamentos”.

A competência em oncologia tem uma formação teórica, certificada pela OF, e outra prática, em ambiente clínico. Segundo o responsável, há abertura dos hospitais públicos para acolher no futuro também farmacêuticos comunitários que queiram ter esta competência.

“Tem havido abertura, de acordo com os nossos contactos com as instituições hospitalares, para receber os colegas que estão em fase de formação para a competência em oncologia. Tem sido uma notícia positiva”, considerou.

Helder Mota Filipe disse ainda que a OF está a trabalhar com várias instituições para desenvolver ensino clínico simulado: “uma vez validada, tem as mesmas funções da formação em ambiente clínico”, garante.

A OF está ainda a trabalhar noutras competências, como a saúde pública, a medicina farmacêutica e a investigação clínica, para “criar massa crítica diferenciada em áreas que são fundamentais para manter a classe actualizada e com um elevado grau de qualidade de prestação”.

Os farmacêuticos reúnem-se a partir de sexta-feira num congresso, em Lisboa, que pretende debater os desafios do acesso à inovação terapêutica e a sustentabilidade dos serviços de saúde.

Sob a abordagem One Health (uma só saúde), vão ser analisados os mais recentes avanços técnicos e científicos no combate às resistências antimicrobianas, na área da oncologia, nas tecnologias RNA e mRNA, Inteligência Artificial ou nas plataformas e tratamento de dados de saúde, entre outras, abrindo perspectivas sobre o futuro da profissão e das Ciências Farmacêuticas.

Em análise vão estar também os novos serviços farmacêuticos disponibilizados à população, como a dispensa de medicamentos hospitalares em proximidade, a renovação da terapêutica crónica, a dispensa da profilaxia pré-exposição ao VIH/sida ou a intervenção em situações clínicas ligeiras. O congresso, que decorre em Lisboa, tem ainda de um espaço para a apresentação de trabalhos e projectos de investigação realizados por farmacêuticos.