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Plano de Pormenor da Estação de Coimbra da Alta Velocidade finalmente questionado!

Não queremos que Coimbra corra o risco de transformar-se numa “nova Valência”, devido ao excesso de construção, à saturação das infraestruturas de drenagem e à subavaliação do risco de cheias.

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É um alívio que o projeto megalómano da estação de alta velocidade no centro de Coimbra tenha sido contido ou, ao menos, abrandado para um ritmo mais prudente, semelhante ao de um comboio regional. Espera-se agora que o município aproveite esta pausa (prolongamento do tempo de execução do plano prolongado por mais dois anos), de certa forma imposta pela entrada em vigor do Plano de Gestão de Riscos e Inundações da Região Hidrográfica do Vouga, Mondego e Lis, para reconsiderar a localização da estação da alta velocidade em Coimbra. E que, em conformidade, opte pelo ponto de interseção com a Linha do Norte, desistindo de Coimbra-B e de uma urbanização massiva da área como proposto no plano de Joan Busquets. Não queremos que Coimbra, ao ceder a tentações imobiliárias especulativas, corra o risco de transformar-se numa “nova Valência” — com o devido respeito às vítimas do DANA — devido ao excesso de construção, à saturação das infraestruturas de drenagem e à subavaliação do risco de cheias.

A concretização do “novo bairro da estação” não apenas colocaria em risco essa nova área, mas também exporia o antigo bairro da estação, localizado próximo a uma vala que ameaça replicar o que ocorreu no Barranco del Poyo, em Valência, onde mais de uma centena de pessoas ficaram encurraladas pela água e lama e acabaram ​perdendo a vida. Esta área antiga, da idade da estação, com bem mais de cem anos, habitada por uma população envelhecida e vulnerável, seria exposta a um risco significativo. Abaixo, compartilho um trecho da contribuição que apresentámos na consulta pública sobre o plano, uma análise que contou com o contributo especializado do professor Pedro Proença e Cunha, da Universidade de Coimbra.

Coimbra ainda tem a oportunidade de evitar um erro histórico de consequências quase inimagináveis, considerando a previsão de subida da cota de cheia centenária em vários metros e outros fatores adversos associados às alterações climáticas.

"Em fevereiro de 2023, a Câmara Municipal de Coimbra apresentou um Plano de Pormenor para a 'Estação Ferroviária Alta Velocidade de Coimbra-B e o novo Bairro da Estação', desenvolvido pelo arquiteto Joan Busquets. A proposta envolve uma linha ferroviária de alta velocidade em modelo de bypass, que levaria a uma nova estação multimodal. Esta estrutura, prevista para duplicar a Linha Ferroviária do Norte, inclui um viaduto com uma plataforma de 23 metros de largura que atravessaria o Choupal e chegaria à estação a cerca de 20 metros de altura. Tal infraestrutural exigiria suportes robustos e teria um impacto profundo no subsolo da nova estação, triplicando a plataforma atual de oito metros.

O problema agrava-se com a proposta de um 'novo bairro da estação' adjacente, que se estende por centenas de metros até ao Loreto e inclui edifícios residenciais e comerciais de várias alturas. No ponto de entrada da estação, há previsão para três torres de 14 andares, com soleiras a apenas 25 cm acima da cota de cheia centenária, acrescidas de quatro a cinco pisos subterrâneos de estacionamento. Estas construções levantam sérias preocupações de risco, especialmente considerando que contrariariam o PDM vigente e entrariam em conflito com o regime da REN e RAN.

A localização da estação de alta velocidade na planície aluvial do Mondego é inadequada, pois impõe riscos significativos de interrupção prolongada do seu funcionamento, danos severos que exigiriam vultuosos investimentos em reparações e um possível impacto sobre vidas humanas e ecossistemas.

Na análise de riscos geológicos e geomorfológicos, o posicionamento junto ao apeadeiro de Casais revela-se mais favorável, isento dos problemas associados à opção de Coimbra-B.”

O autor escreve segundo o novo acordo ortográfico

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