Embaixador de Trump para Israel nega existência da Cisjordânia, dos colonatos e dos palestinianos. Extrema-direita aplaude

Smotrich, um dos ministros mais radicais de Netanyahu, espera trabalhar com Huckabee “com base no reconhecimento da inquestionável pertença histórica de toda a terra de Israel ao povo de Israel”.

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Mike Huckabee foi candidato à nomeação republicana para as presidenciais em 2008 JONATHAN ERNST
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A extrema-direita israelita celebrou entusiasticamente a escolha de Donald Trump para novo embaixador dos Estados Unidos em Israel, Mike Huckabee. É fácil perceber porquê: o antigo governador do Arcansas não se limita a defender Israel ou os colonatos, questiona não só a existência dos colonatos como a dos próprios palestinianos. Para Huckabee, Israel tem tanto direito à Cisjordânia ocupada, que integra o território da Palestina, como os norte-americanos a Manhattan.

O ministro das Finanças de Benjamin Netanyahu, Bezalel Smotrich, reagiu à notícia afirmando que espera trabalhar com Huckabee “com base no reconhecimento da inquestionável pertença histórica de toda a terra de Israel ao povo de Israel”, enquanto o responsável pela pasta da Segurança Nacional, Itamar Ben-Gvir, lhe deu as boas-vindas na rede X com emojis da bandeira norte-americana, de um coração e da bandeira israelita.

“Há certas palavras que me recuso a usar. Não existe uma Cisjordânia – é a Judeia e a Samaria [territórios bíblicos]. Não existem colonatos, são bairros, cidades. Não existe uma ocupação”, afirmou Huckabee durante uma visita ao grande colonato de Ma’ale Adumim, em 2017.

Antes, em 2008, segundo a revista New Yorker, disse numa conversa com um rabi: “Tenho de ter cuidado ao dizer isto, porque as pessoas ficam muito chateadas, mas não existe realmente um palestiniano. Isso tem sido uma ferramenta para tentar reforçar a retirada de terras de Israel.”

Um ano depois da visita a Ma’ale Adumim, em 2018, o antigo pastor baptista assentou tijolos e espalhou cimento na cerimónia de arranque das obras de um novo complexo de habitação no colonato de Efrat, entre Belém e Hebron, na Cisjordânia ocupada.

Yossi Dagan, presidente do Conselho Regional de Samaria, falou com Huckabee para lhe dar os parabéns pela nomeação. “Os EUA ganharam e o Estado de Israel ganhou também”, disse, sublinhando a cooperação do escolhido por Trump com o movimento de colonização.

Trump também já nomeou o seu enviado especial para o Médio Oriente – cargo que não existiu na actual Administração. Será o investidor imobiliário Steven Witkoff, seu habitual parceiro de golfe, sem experiência diplomática ou na região (a lembrar Jared Kushner, genro do Presidente eleito, que foi um dos seus principais conselheiros no primeiro mandato, arquitecto do chamado “acordo do século”, o fracassado plano de paz elaborado sem ouvir os palestinianos, e que também ajudou a negociar os Acordos de Abraão).

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