Trump escolhe o ex-congressista Zeldin para dirigir a Agência de Protecção Ambiental

Lee Zeldin, ex-governador de Nova Iorque, foi escolhido por Trump para dirigir a Agência de Protecção Ambiental. Zeldin é conhecido pelos votos contra em várias leis ambientais do governo de Biden.

Foto
Lee Zeldin pode vir a dirigir a Agência de Proteção Ambiental se aprovado pelo Senado Elizabeth Frantz / REUTERS
Ouça este artigo
00:00
03:42

O presidente eleito dos Estados Unidos da América, Donald Trump, afirmou nesta segunda-feira que vai nomear o antigo congressista republicano Lee Zeldin para dirigir a Agência de Protecção Ambiental (EPA, na sigla em inglês). O congressista é conhecido por ter que votado diversas vezes contra a legislação sobre questões ecológicas, incluindo uma medida para impedir as empresas petrolíferas de aumentarem os preços.

“Ele irá garantir decisões desreguladoras justas e rápidas que serão promulgadas de forma a libertar o poder das empresas americanas, mantendo ao mesmo tempo os mais elevados padrões ambientais, incluindo o ar e a água mais limpos do planeta”, publicou Trump numa publicação na sua plataforma de redes sociais Truth Social.

Trump, que faz parte do Partido Republicano, irá provavelmente tentar reverter muitas regras administradas pela EPA sobre a queima de combustíveis fósseis, incluindo uma medida que promove a redução das emissões de carbono das centrais eléctricas e outra que prevê a redução dessas emissões provenientes dos veículos.

O presidente eleito garantiu ainda que planeia começar a rescindir as regras de poluição dos veículos da EPA e do Departamento de Transportes no primeiro dia do seu mandato e que está a considerar reduzir ou eliminar os benefícios fiscais dos veículos eléctricos e outros incentivos. Além disso, planeia também restringir a capacidade da Califórnia de definir as suas próprias regras de emissões de veículos, como fez em 2019.

Foi o antigo presidente Joe Biden, do Partido Democrata, que restabeleceu a autoridade da Califórnia. Trump também vai decidir como gastar milhares de milhões de dólares em subsídios para carregamento de veículos eléctricos.

Um percurso contra as leis ambientalistas

Como candidato a governador de Nova Iorque nas eleições de 2022, Lee Zeldin criticou a decisão do estado de aderir ao programa Veículo de Emissão Zero da Califórnia, que promete acabar com a venda de veículos movidos apenas a gasolina até 2035. Zeldin, de 44 anos, também pressionou, nessa campanha mal sucedida, para que fosse revertida a proibição de fracking em Nova Iorque, uma técnica de perfuração a que se opõem muitos ambientalistas do estado, afirmando que criaria empregos.

“Vamos restaurar o domínio energético dos EUA, revitalizar a nossa indústria automóvel para trazer de volta os empregos americanos e fazer dos EUA o líder global da IA”, escreveu Zeldin na rede social X, usando o acrónimo para inteligência artificial. Zeldin terá de ser confirmado pelo Senado, que recuperou a maioria republicana nas eleições do passado dia 5 de Novembro.

Durante a sua passagem pelo Congresso, de 2015 a 2023, como representante de Nova Iorque, Zeldin votou “sim” em peças-chave da legislação ambiental apenas 14% das vezes, de acordo com um scorecard do grupo ambientalista League of Conservation Voters. A pontuação média na Câmara dos Representantes em 2022, o último ano de Zeldin no Congresso, foi de 52%. Mas, a sua pontuação ao longo da carreira superou a média de 4% dos quatro líderes republicanos da Câmara naquele ano.

Zeldin votou contra a lei histórica de Biden sobre as alterações climáticas, a Lei de Redução da Inflação, que não obteve votos republicanos, e rejeitou a legislação que iria reprimir a manipulação de preços pelas empresas petrolíferas. Em 2016, Lee Zeldin juntou-se ao Climate Solutions Caucus, grupo bipartidário da Câmara, que afirma trabalhar para combater as alterações climáticas e, ao mesmo tempo, proteger a prosperidade económica dos EUA.

“Durante o processo de confirmação, desafiaríamos Lee Zeldin a mostrar como poderia superar as promessas de campanha de Trump ou a sua própria pontuação ambiental de 14%, se quiser ser encarregado de proteger o ar que respiramos, a água que bebemos e encontrar soluções para as alterações climáticas”, comentou Tiernan Sittenfeld, vice-presidente sénior da Liga dos Eleitores de Conservação, à Reuters.