Ainda falta o JPP decidir sobre moção de censura ao Governo da Madeira

Antes da discussão da moção, marcada para 18 de Novembro, o líder do JPP diz que é preciso “manter os olhos e os ouvidos bem abertos, e a boca bem fechada”.

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Élvio Sousa, líder do JPP, so tomará decisão sobre moção de censura na Madeira, a 17 de Novembro HOMEM DE GOUVEIA / LUSA
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Só uma união do PS e do JPP ao Chega garantirá a aprovação da moção de censura que o partido de direita radical populista apresentou para tentar derrubar o líder do Governo Regional da Madeira, mas, por enquanto, essa maioria ainda não está garantida. O Juntos Pelo Povo, que tem nove deputados e foi o terceiro partido mais votado nas últimas eleições, vai deixar a questão em aberto até ao dia antes da discussão da moção.

De acordo com informações divulgadas neste domingo, o JPP vai reunir os militantes a meio da próxima semana e só no dia 17, o domingo anterior ao dia da discussão na assembleia legislativa regional (marcada para 18), a comissão política nacional se juntará para decidir o sentido de voto do partido.

"Numa fase em que será discutida a 18 de Novembro a moção de censura apresentada pelo principal fiador do Governo [Regional], o Chega (...) Há que manter os olhos e os ouvidos bem abertos, e a boca bem fechada", diz o líder do Juntos Pelo Povo, Élvio Sousa, citado em comunicado. O momento que se segue servirá para "auscultar os militantes" do partido e "medir a temperatura ambiente".

O JPP argumenta que em todo este processo ficou evidente que "o maior fiador do Governo [Regional] retira confiança ao PSD, e ao contrário daquilo que alguma "orquestra mercenária" deseja fazer passar, a confusão e a instabilidade foi gerada no seio do PSD, do Chega e de todos os fiadores que convenceram o Representante da República, em Maio deste ano, que estava tudo controlado" e havia "garantias de estabilidade política e a governabilidade".

Ao contrário deste cenário, houve "algumas tentativas de começar a fragilizar e dividir a oposição, de tentar manter vozes dissonantes abafando os principais culpados desta instabilidade política: os fiadores, os agarrados e os calculistas".

Este partido, que tem nove deputados num universo de 47 lugares no parlamento regional, considera que "o PSD está agarrado ao esquema montado em 2015, de continuar a alimentar os DDT — Donos Disto Tudo".

"Não é Albuquerque que não quer sair. São os DDT que não o querem deixar sair. Albuquerque representa a tábua de salvação para a manjedoura orçamental continuar a fazer sair dinheiro para alimentar os clientelismos", defende o JPP que pede, ainda, a Miguel Albuquerque e ao líder do CDS-Madeira, José Manuel Rodrigues, "que se dizem defensores da transparência" que mostrem "os termos do acordo (secreto) que os uniu em cordão de entendimento" parlamentar. "Se não o fizeram até à data são igualmente cúmplices da opacidade e escondem a natureza do seu pacto dos madeirenses."

CDS e PSD não concorreram coligados às eleições deste ano, mas Albuquerque garantiu posteriormente o apoio dos dois deputados centristas, ficando com 21 votos, em 47. José Manuel Rodrigues acabou por ser proposto para presidente da Assembleia Legislativa da Madeira.

Na passada quarta-feira, o grupo parlamentar do Chega, que tem quatro deputados na Assembleia Legislativa a Madeira, anunciou a apresentação de uma moção de censura ao Governo Regional.

O presidente do executivo, Miguel Albuquerque, já anunciou que não se demite e que o partido que lidera (PSD) está preparado para qualquer cenário, incluindo novas eleições legislativas regionais antecipadas.

Por seu turno, o líder do PS/Paulo Cafôfo, após a reunião da comissão política regional, que decorreu sábado, informou que os deputados socialistas, que ocupam 11 lugares no hemiciclo, vão votar a favor da moção, o mesmo acontecendo com a estrutura regional da Iniciativa Liberal (IL) que tem um representante.

A conferência dos representantes dos partidos na Assembleia Legislativa da Madeira reúne-se na segunda-feira para agendar a discussão da moção de censura ao Governo Regional, apresentada pelo Chega, segundo indicação do parlamento insular.