Benfica-FC Porto, um clássico de pressão alta para os treinadores
O Estádio da Luz recebe, esta noite, o clássico entre “águias” e “dragões”, numa altura em que Bruno Lage e Vítor Bruno têm recebido criticas por parte de adeptos das suas equipas.
Quando esta noite (20h45, BTV) João Pinheiro apitar para o início do clássico número 182 no campeonato português entre Benfica e FC Porto, nos bancos de suplentes estarão dois protagonistas da partida no Estádio da Luz e sob forte pressão. Mesmo apresentando um rendimento muito positivo nas provas internas, as opções tácticas de Bruno Lage e de Vítor Bruno nas provas europeias têm fragilizado os dois técnicos perante os seus adeptos, mas, com a possibilidade de iniciarem a jornada 11 a onze (Benfica) e a seis pontos (FC Porto) do Sporting, apenas o treinador dos “dragões” assumiu a importância da partida: “Nenhum jogo é decisivo”, defendeu Bruno Lage; “Para um clube como o FC Porto é ganhar ou ganhar”, garantiu Vítor Bruno.
Os estilos são diferentes, mas o desconforto com que os técnicos de Benfica e de FC Porto fizeram neste sábado a antevisão do duelo desta noite, em Lisboa, foi notório. Mais do que as duas derrotas europeias que ambos somam nas últimas semanas nas provas da UEFA, o que mais fragilizou Bruno Lage e Vítor Bruno foi o plano de jogo que ambos escolheram para dois jogos que deixaram marcas nas suas equipas.
Se na derrota do FC Porto na Noruega frente ao Bodo Glimt os “azuis e brancos” pareceram menosprezar o adversário – Pepê, Galeno e Nico fora do “onze” – e fizeram uma das piores exibições da história recente do clube a nível europeu, para o Benfica a viagem a meio da última semana a Munique terminou com um desempenho paupérrimo que, António Simões, antiga glória das “águias”, considerou que foi de um “tamanho tão pequeno que fere a história” benfiquista.
Procurando sempre evitar colocar o dedo na ferida, Lage, na antevisão do duelo com o FC Porto, fugiu sempre a perguntas sobre o que se passou na Alemanha, mas, depois de insistir que "não queria voltar ao jogo com o Bayern” porque já tinha assumido “a responsabilidade”, disse que perante as críticas só lhe restava “compreender” e “aprender”.
Sobre a táctica que utilizará neste domingo num jogo frente a um dos rivais na luta pelo título, o treinador esclareceu pouco, até porque, na sua opinião, não é importante se apresenta dois ou três defesas centrais: “É uma falsa questão, o que interessa são as dinâmicas que colocamos em campo. Quando não tivermos a bola temos de defender todos e quando a tivermos temos de atacar todos."
Apesar da resposta, mais à frente, questionado novamente sobre o tema, Lage foi um pouco mais objectivo na análise ao que espera do confronto com o FC Porto: “Quando analiso um adversário, procuro os espaços e preparo-o de forma ofensiva e depois também como defender determinado adversário. [O FC Porto tem] um ponta-de-lança muito forte na área, dinâmicas muito fortes dos alas, sobretudo na direita, com o Pepê a tentar vir para o interior, com o Galeno mais aberto. O que nos preocupa é aquilo que temos de fazer com bola e depois como o FC Porto se posiciona, e depois como pressionar."
"A margem de erro é sempre zero"
Bem menos defensivo e sem problemas em assumir a importância do confronto na Luz, Vítor Bruno foi claro ao dizer o que quer da sua equipa frente ao Benfica: “Teremos de ser uma equipa verdadeiramente à FC Porto” e “adicionar uma vitória àquele que tem sido o nosso percurso na Liga”.
Alvo de alguma contestação interna, o treinador dos portistas foi directo ao assunto, dizendo que a sua equipa não irá jogar “para responder a ninguém” - o que vai estar “em cima da mesa” é um “espírito de missão e de conquista”. “O adepto do FC Porto gosta muito de jogar este tipo de jogos. Sabemos que vamos estar em massa e fortes amanhã [hoje]. Queremos que os nossos adeptos possam vir com um sorriso na cara.”
Reconhecendo o nível de exigência que lhe é colocado, Vítor Bruno terminou a conferência de imprensa de antevisão do clássico com um discurso ambicioso: "A margem de erro para um clube como o FC Porto é sempre zero: é ganhar ou ganhar. Queremos chegar lá, jogar e competir. Queremos jogar para ganhar e isso será sempre uma consequência do que fizermos em campo."