Benfica e FC Porto procuram curar “ressaca” europeia no clássico

Lage precisa de triunfo na Luz para limpar a imagem deixada no jogo de Munique. Vítor Bruno acelera recuperação física, sem perder de vista o sentimento de revolta e o registo das últimas 20 épocas.

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Galeno e António Silva deverão cruzar-se de novo no clássico da Luz ESTELA SILVA / LUSA
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Benfica e FC Porto chegam ao clássico de amanhã (20h45, BTV), na Luz, pela primeira vez nas últimas 20 épocas, sob o efeito de uma dupla perniciosa “ressaca” europeia. À derrota da equipa de Bruno Lage em Munique, sucedeu-se a do conjunto de Vítor Bruno em Roma, frente à Lazio. Percalços distintos na forma, mas de efeitos e consequências muito semelhantes.

O grande desafio para os dois técnicos portugueses — ambos ainda relativamente “verdes” nos respectivos cargos — será dar uma resposta cabal face aos desaires europeus. Com “verdes”, pretende-se aludir à aposta de Rui Costa em Lage para render Roger Schmidt, à 5.ª jornada da Liga, e à passagem de Vítor Bruno de adjunto de Sérgio Conceição para responsável máximo da equipa técnica desde o início da presente época. Isto, sem ignorar o título de campeão do primeiro, em 2018-19, após suceder a Rui Vitória, e as sete épocas de Vítor Bruno no Dragão.

Assim, sem um termo de comparação mais objectivo neste século, já que nunca Benfica e FC Porto se encontraram na Luz depois de ambos terem averbado derrotas nas competições europeias, será ainda mais arriscado extrapolar que tipo de clássico será proposto aos adeptos das duas equipas.

Estatisticamente, o Benfica, apesar do factor casa, tem sentido grandes dificuldades nas recepções ao FC Porto: em 20 épocas, apenas por cinco vezes as “águias” bateram os “dragões”. Curiosamente, com dois estrangeiros a abrir (Ronald Koeman) e a fechar (Roger Schmidt) esta contabilidade, tendo Jorge Jesus somado dois triunfos (frente a Jesualdo Ferreira e Paulo Fonseca) e Rui Vitória o último de um técnico português frente ao rival do Porto (ante Sérgio Conceição).

Bruno Lage, por exemplo, disputou apenas um clássico com o FC Porto, em 2019-20, do qual saiu derrotado, por 0-2. Agora, quatro temporadas volvidas, o treinador do Benfica surge fortemente pressionado pela conjuntura que resulta da estratégia adoptada frente ao Bayern Munique, jogo em que recorreu a um sistema de três centrais, prescindindo ainda de uma referência de área, ao deixar Pavlidis no banco de suplentes.

Na Luz ecoarão as críticas que têm preenchido as últimas horas, inclusive de figuras ligadas ao clube “encarnado”, inconformadas com a imagem de clube menor deixada na Allianz Arena.

Esse facto, associado à obrigatoriedade de encurtar distâncias para a liderança da Liga, que se cifra nos oito pontos (com um jogo a menos), aumenta a responsabilidade de Lage, que terá de voltar a assumir caso não seja dada uma resposta firme, capaz de travar uma espiral de desconfiança de proporções imprevisíveis.

Duelo de portugueses

Um factor que poderá pesar na desconstrução deste clássico prende-se com a interiorização da importância e peso de um Benfica-FC Porto. Apesar de global, este é um fenómeno que depende em grande medida de uma mística mais difícil de explicar a jogadores estrangeiros. Campo em que o FC Porto poderá ter alguma vantagem. Vítor Bruno poderá construir um “onze” com Diogo Costa, Martim Fernandes (ou João Mário), Tiago Djaló (ou Zé Pedro), Francisco Moura e Fábio Vieira (apesar de possuir dupla nacionalidade e de ter ingressado com 19 anos no FC Porto, Galeno nasceu no Brasil).

Já Bruno Lage, que em Munique optou por Tomás Araújo, António Silva e Renato Sanches, poderá ainda recorrer a Florentino para formar um “onze” com sotaque português, cenário que dificilmente se confirmará, dependendo muito da recuperação do lateral Alexander Bah e da coabitação de Renato Sanches e Florentino num meio-campo que não dispensa Kokçu e Aursnes.

Ferido pelos golos sofridos em período de compensação, tanto com a Lazio (45+5’ e 90+2’), como com o Manchester United (90+1’), na Liga Europa, Vítor Bruno apostará no sentimento de revolta para disfarçar a condição física de um grupo que chegará ao clássico da 11.ª jornada da Liga com menos 24 horas de recuperação que o adversário.

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