A vitória de Trump vista pelo mundo: cautela europeia, silêncios russo e chinês, o “maior regresso da história” para Netanyahu e Orbán

Vitória do candidato republicano foi celebrada por Viktor Orbán, Jair Bolsonaro e Benjamin Netanyahu. Outros líderes europeus preferiram lembrar aliança histórica entre os EUA e a Europa.

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Israelitas acordaram hoje de manhâ com este cartaz nas ruas, sinal da alegria do governo de Netanyahu Thomas Peter/Reuters
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A Europa acordou com o regresso de Donald Trump à Casa Branca como praticamente certo e isso veio a confirmar-se a meio da manhã. Muito antes disso, porém, ainda o candidato republicano começava a festejar, havia já reacções deste lado do Atlântico.

O primeiro-ministro húngaro foi dos primeiros políticos europeus a felicitar Trump. Numa publicação no X às 7h26 (hora de Lisboa), Viktor Orbán declarou que esta é “uma vitória muito necessária para o mundo” e que o ex-Presidente protagonizou “o maior regresso na história política dos Estados Unidos”.

Há muito que Orbán é um apoiante assumido de Donald Trump, em contracorrente com a maioria dos seus colegas na União Europeia. A Hungria assumiu a presidência rotativa do Conselho em Julho e, nas primeiras duas semanas, Orbán foi a Kiev, a Moscovo, a Pequim, a Washington e à Florida, para um encontro com Trump de onde trouxe a mensagem de que o então candidato estava “preparado para agir de imediato como mediador de paz” na Ucrânia.

De Kiev também saiu uma das primeiras mensagens de parabéns a Trump. Numa longa publicação, Volodymyr Zelensky classificou a vitória do republicano como “impressionante” e disse esperar “a continuação de um forte apoio bipartidário à Ucrânia nos Estados Unidos”.

Na Rússia, Vladimir Putin não se pronunciou publicamente e o Kremlin anunciou que o Presidente não falaria sobre as eleições americanas.

Apesar disso, o ex-Presidente e actual conselheiro de segurança Dmitri Medvedev‎ levantou um pouco o véu sobre o que se pensa agora nos corredores do poder em Moscovo. “Trump tem uma qualidade útil para nós: como empresário até ao tutano, ele detesta gastar dinheiro em penduras, em aliados estúpidos e penduras, em maus projectos de caridade e em organizações internacionais vorazes”, escreveu no Telegram.

Antes de Zelensky, pouco depois de Orbán, tinha já Emmanuel Macron reagido. Num tom muito menos efusivo do que o húngaro, o Presidente francês enviou “felicitações” a Trump, com quem se disse “pronto a trabalhar” no próximo mandato presidencial, “tal como soubemos fazer durante quatro anos”.

“Com as suas convicções e com as minhas. Com respeito e ambição. Por mais paz e prosperidade”, sublinhou Macron. Numa publicação no X alguns minutos mais tarde, o chefe de Estado francês revelou ter conversado com o chanceler alemão, Olaf Scholz, para “trabalhar por uma Europa mais unida, mais forte, mais soberana neste novo contexto”.

Scholz, por seu lado, demorou mais tempo a pronunciar-se e, ao fazê-lo, lembrou que “a Alemanha e os Estados Unidos têm trabalhado juntos com sucesso há muito tempo para promover a prosperidade e a liberdade em ambos os lados do Atlântico”.

Na mesma linha, a presidente da Comissão Europeia sublinhou a ideia de que “a União Europeia e os Estados Unidos são mais do que apenas aliados”, são blocos “unidos por uma verdadeira parceria entre os nossos povos, unindo 800 milhões de cidadãos”. Ursula von der Leyen desafiou Trump a “trabalhar em conjunto numa agenda transatlântica forte que continue a responder” a esses cidadãos.

Quem também classificou a vitória de Trump como “o maior regresso da história” foi o primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu, igualmente um dos primeiros líderes mundiais a felicitar tanto Donald como Melania. “O seu regresso histórico à Casa Branca proporciona um novo começo à América e uma poderosa renovação do compromisso para com a grande aliança entre Israel e a América”, escreveu.

Igualmente longa foi a reacção de Jair Bolsonaro, o ex-Presidente brasileiro que tenciona regressar ao poder em 2026. “Hoje testemunhámos o ressurgimento de um verdadeiro guerreiro”, começou por escrever no X, dizendo em seguida que Trump venceu “contra tudo e contra todos” e que “esta vitória encontrará eco em todos os cantos do mundo”. Nomeadamente no Brasil, acrescentou Bolsonaro, manifestando a esperança de ter “a chance de concluir [a sua] missão”.

Sem os pontos de exclamação que caracterizaram as mensagens de outros líderes políticos de direita, Giorgia Meloni deu os “sinceros parabéns” a Trump, assinalando que Itália e Estados Unidos “são nações ‘irmãs’, ligadas por uma aliança inabalável”. Figura de proa da direita radical europeia, a primeira-ministra italiana diz-se “certa” de que o “vínculo estratégico” entre os dois países se vai “agora reforçar ainda mais”.

A líder da extrema-direita francesa, Marine Le Pen, foca a mensagem, por seu turno, na “cena internacional”, declarando que “esta nova era política que se abre deve contribuir para reforçar as relações bilaterais e a procura de diálogo e cooperação construtivas”.

Noutro hemisfério, o primeiro-ministro indiano deu parabéns “calorosos” ao “amigo” Trump, pedindo-lhe que retome “os sucessos do mandato anterior” para reforçar a ligação indo-americana. “Vamos trabalhar juntos pelos melhoramentos para o nosso povo e para promover a paz global, a estabilidade e a prosperidade”, escreveu Narendra Modi.

Recep Tayyip Erdogan, o Presidente turco, foi outro líder que tratou Donald Trump como “meu amigo” na mensagem de parabéns, decretando que agora começa uma “nova era” em que “os laços turco-americanos devem fortalecer-se para que as crises e guerras regionais e globais terminem, a começar pela questão palestiniana e pela guerra entre a Rússia e a Ucrânia”.

De Pequim, a reacção foi neutra, com um porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros a declarar apenas que a política chinesa em relação aos Estados Unidos “é consistente” e assenta “nos princípios do respeito mútuo, coexistência pacífica e cooperação vantajosa para ambos os lados”.

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