Zelensky elogia abordagem de “paz através da força” de Trump, Kremlin vai julgar presidência “pelos seus actos”
Medvedev afirma que Trump, “sendo um homem de negócios, detesta gastar dinheiro com parasitas e aliados estúpidos” e “em maus projectos de caridade”.
“Parabéns a Donald Trump pela sua impressionante vitória” foi a frase escolhida por Volodymyr Zelensky para iniciar a declaração de felicitações ao republicano que já se declarou vencedor das eleições para a presidência dos Estados Unidos. “Esperamos ansiosamente por uma era de EUA fortes sob a liderança decisiva do Presidente Trump. Contamos com a continuação de um forte apoio bipartidário à Ucrânia nos Estados Unidos”, afirmou o Presidente ucraniano, que durante a campanha disse, em declarações à revista New Yorker, que Trump “não sabe realmente como acabar com a guerra, mesmo que ache que sabe”.
Em Setembro, Trump prometeu a Zelensky que o conflito na Ucrânia seria “resolvido muito rapidamente” se vencesse as presidenciais desta terça-feira. Isto dias depois de criticar o chefe de Estado ucraniano por “recusar fazer um acordo” para pôr fim à guerra iniciada pela Rússia em Fevereiro de 2022, insurgindo-se pelo facto de os EUA continuarem a “dar milhões e milhões de dólares a um homem” que insistia em recusar negociar com o Kremlin, descrevendo mesmo a Ucrânia como “um país que foi destruído, impossível de ser reconstruído”.
Ao lado de Zelensky, que recebeu, a seu pedido, na Trump Tower, em Nova Iorque, o então candidato notou que tem “uma relação muito boa” com o Presidente da Ucrânia, sublinhando, em simultâneo, que tem “também uma relação muito boa com o Presidente [Vladimir] Putin”.
Recordando precisamente esse encontro, Zelensky disse agora que os dois discutiram “em detalhe a parceria estratégica Ucrânia-EUA, o Plano de Vitória, e formas para pôr fim à agressão da Rússia contra a Ucrânia”. "Aprecio o compromisso do Presidente Trump com a abordagem 'paz através da força' nos assuntos globais. Este é exactamente o princípio que pode aproximar a Ucrânia da paz justa", defendeu.
Já o Kremlin decidiu, pelo menos para já, não dar publicamente os parabéns a Trump, reagindo para dizer apenas que Putin não previa fazê-lo porque os EUA são “um país hostil que está directa e indirectamente implicado numa guerra contra o nosso Estado”. Por isso mesmo, afirmou o porta-voz da presidência russa, Dmitri Peskov, a futura presidência Trump será julgada “pelos seus actos”.
Por seu turno, o ex-Presidente russo Dmitri Medvedev, que é agora vice-chefe do Conselho de Segurança da Rússia, reagiu na sua conta de Telegram, afirmando que “Trump tem uma qualidade útil” para o regime russo: “Sendo, na sua essência, um homem de negócios, detesta gastar dinheiro com parasitas e aliados estúpidos, em maus projectos de caridade e em organizações internacionais vorazes”.
De acordo com o último livro de Bob Woodward, War, publicado menos de três semanas antes das presidenciais norte-americanas, Trump continuou a falar com Putin mesmo quando não era Presidente: segundo disse ao autor e veterano jornalista de investigação um assessor do republicano, “houve vários telefonemas entre Trump e Putin, talvez sete, desde que Trump deixou a Casa Branca”.
Em War, Woodward relatou ainda que no início da pandemia de Covid-19 Trump enviou a Putin várias máquinas de testes rápidos para uso pessoal.