Helder Moutinho abre ciclo Vozes do Fado em Oeiras com Os Dias da Liberdade

A partir da próxima sexta-feira, o ciclo Vozes do Fado leva ao Auditório Ruy de Carvalho quatro vozes fadistas: Helder Moutinho, Cristina Branco, Carla Pires e Miguel Ramos.

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Helder Moutinho em palco (ao fundo, Ricardo Parreira) DR
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Vinte anos após a sua primeira edição, o ciclo Vozes do Fado está de volta a Oeiras com quatro concertos na agenda, sempre no Auditório Ruy de Carvalho, em Carnaxide (e sempre às 21h30). Começa na sexta-feira com Helder Moutinho, seguindo-se Cristina Branco, no dia 15; Carla Pires, no dia 22; e, no mês seguinte, a fechar a edição, Miguel Ramos no dia 6 de Dezembro.

O espectáculo de Helder Moutinho é mais um passo num processo criativo que ele iniciou em 2019 e foi interrompido pela pandemia: um novo álbum com letras de João Monge. Que ele foi revelando, ao longo de 2019, em singles e videoclipes. Primeiro, Nunca parto inteiramente (em Abril), depois Atrás dos meus cortinados (Maio), Fado da herança (Julho), Matas-me (Outubro) e Estrela mãe (Dezembro). A pandemia impôs-lhe um interregno, mas no final de 2021, em Novembro, estreou outros temas no CCB, em Lisboa, no ciclo Há Fado no Cais.

Na verdade, trata-se de retomar o processo iniciado em 2019, mas agora com data marcada para a publicação do álbum: 21 de Fevereiro de 2025, dia em que Helder Moutinho fará 56 anos. Até lá, serão publicados mais alguns singles que farão parte do disco. “Neste momento estamos com dezasseis temas”, diz Helder ao PÚBLICO. “É quase um disco duplo. Podia guardar alguns para um próximo disco, mas não. O que quero, mesmo, é terminar este.”

O novo álbum de Helder Moutinho, que será o sexto, sucessor de Sete Fados e Alguns Cantos (1999), Luz de Lisboa (2004), Que Fado é Este que Trago? (2008); 1987 (2013) e O Manual do Coração (2016), vai chamar-se Os Dias da Liberdade. Ele explica porquê: “Se eu tivesse de escrever um livro da vida, existem três títulos muito importantes para um livro destes: Amor, Paz e Liberdade. Digamos que o Amor era o título principal, com a Paz e a Liberdade como subtítulos. O contrário do Amor é o Ódio, o contrário da Paz é a Guerra e o contrário da Liberdade é a Opressão. E quando existe uma guerra contra a opressão é pela liberdade. Se os ucranianos ganharem a guerra, estarão a conquistar a liberdade deles contra a opressão russa.”

A liberdade, justifica ainda Helder Moutinho, “tem uma série de subtítulos”: “E é nos dias da liberdade, depois da guerra pela liberdade, que esses subtítulos todos vêm ao de cima: a luta contra o racismo, a xenofobia e a homofobia, ou a solidariedade, tudo valores que considero importantes daquilo que eu senti no pós-25 de Abril. E o João Monge é um homem que fala muito sobre a liberdade, que não tem de ser só relacionada com a história do 25 de Abril.”

Um exemplo: “Aquela canção, Amor sem lugar, que vem d’O Manuel do Coração e que vou reeditar neste disco, que toda a gente pensa que é uma pessoa que vai morrer e se está a despedir da mulher (“Quando eu partir, não vás ver-me à janela/ Vamos fingir que eu volto p’ra jantar”), é a história de um casal de portugueses no tempo da ditadura. Ele sabia que ia ser preso, estava só à espera que o viessem buscar, e por isso fizeram questão de se casarem à pressa para colmatar o amor que havia entre eles e para que ela o pudesse visitar na prisão. É uma história verdadeira, este casal existe mesmo, e com a queda do regime ele foi libertado.”

No espectáculo desta sexta-feira, onde Helder apresentará várias destas canções e outras de álbuns anteriores, será acompanhado por Ricardo Parreira (guitarra portuguesa), João Filipe (viola), Fernando Araújo (baixo), Carlos Garcia (piano) e Iúri de Oliveira (percussões).

O ciclo Vozes do Fado continuará na sexta-feira seguinte, dia 15, com Cristina Branco, que apresentará ao vivo o seu mais recente trabalho, Mãe. Com ela, estarão Bernardo Couto (guitarra portuguesa), Luís Figueiredo (piano) e Bernardo Moreira (contrabaixo). No dia 22, será a vez de Carla Pires, com o seu mais recente trabalho, VaiVem/20 anos, lançado em Junho e que apresentará na companhia dos músicos Luís Coelho (guitarra portuguesa), André Santos (guitarra clássica) e João Novais (contrabaixo). Por fim, no dia 6 de Dezembro, a edição de 2024 deste ciclo encerra com Miguel Ramos, voz de Aqui na Alma, álbum lançado em 2017, e que terá a acompanhá-lo um notável trio de fado: José Manuel Neto (guitarra portuguesa), Carlos Manuel Proença (viola) e Daniel Pinto (viola baixo)

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