Mais de cem pessoas em vigília no bairro do Zambujal por Odair Moniz

Moradores do bairro do Zambujal, onde vivia Odair Moniz, reuniram-se para “exigir justiça”. Cidadão cabo-verdiano morreu após ser baleado duas vezes por um agente da PSP.

Foto
Familiares e amigos de Odair Moniz prestam a sua homenagem durante uma vigília, uma semana após a sua morte, no bairro do Zambujal ANTÓNIO PEDRO SANTOS / LUSA
Ouça este artigo
00:00
01:58

Mais de uma centena de pessoas juntaram-se esta segunda-feira, 28 de Outubro, numa vigília no bairro do Zambujal, na Amadora, em homenagem a Odair Moniz, morto por um agente da PSP na madrugada de 21 deste mês, no bairro da Cova da Moura.

"Justiça para Odair Moniz", lê-se numa faixa presa junto à associação de moradores A Partilha, do bairro do Zambujal, onde vivia o cidadão cabo-verdiano de 43 anos.

Os moradores, pelas 20h30, tocaram uma música cabo-verdiana, entoaram palavras de ordem em crioulo e largaram balões brancos junto à casa de Odair Moniz.

"Hoje às 20h, sete dias após o seu assassinato pela polícia, Odair Moniz será homenageado no seu bairro do Zambujal. Este será mais um momento para exigir justiça e para afirmar que sem justiça e verdade os moradores dos bairros não terão paz", lê-se numa mensagem publicada nas redes sociais pela família da vítima.

"Estaremos presentes para apoiar os entes queridos de Odair neste momento difícil. Estejam connosco também!", acrescentou-se na publicação, partilhada pelo movimento Vida Justa.

Odair Moniz foi baleado por um agente da PSP na madrugada de 21 de Outubro, no bairro da Cova da Moura. O óbito foi declarado pouco depois, no Hospital de São Francisco Xavier.

Segundo a PSP, o homem pôs-se "em fuga" de carro depois de ver uma viatura policial e despistou-se na Cova da Moura, onde, ao ser abordado pelos agentes, "terá resistido à detenção". Contudo, várias testemunhas garantem que Odair Moniz não tinha consigo nenhuma arma branca, nem tentou agredir os polícias.

A associação SOS Racismo e o movimento Vida Justa também contestaram a versão policial e exigiram uma investigação "séria e isenta" para apurar responsabilidades, considerando que está em causa "uma cultura de impunidade" nas polícias.

A Inspecção-Geral da Administração Interna e a PSP abriram inquéritos, e o agente que disparou por duas vezes contra Odair foi constituído arguido por indício de homicídio.