Ataque israelita mata 38 pessoas em Khan Younis, hospital cercado no Norte de Gaza

A ofensiva actual no Norte será “o momento mais negro” da guerra disse o alto-comissário das Nações Unidas para os Direitos Humanos, Volker Türk.

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Local atacado por Israel em Khan Younis HAITHAM IMAD / EPA
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Um ataque israelita na cidade de Khan Younis, no Sul da Faixa de Gaza, deixou pelo menos 38 pessoas mortas, segundo as autoridades locais citadas pela agência Reuters. Alguns habitantes contam como tentavam chegar a pessoas mortas nos escombros, relatava a agência Reuters. Adultos tentavam recuperar roupa e documentos, crianças procuravam brinquedos.

Ahmed Sobh contou como ouviu gritos pedindo ajuda. Era a sua prima. “Corremos e encontramos os filhos dela, um rapaz e uma rapariga, mortos. O filho estava debaixo de uma coluna de cimento, levou uma hora e meia até conseguirmos tirá-lo.”

Outro habitante, Ahmed al-Farra, contou que perdeu 15 familiares durante os ataques israelitas, incluindo a sua mãe, que ficou sob os escombros. “Enquanto a estava a tentar retirar, olhei para uma parede e vi um tanque a apontar para mim. Pensei: ‘o que devo fazer? Continuar a escavar ou estar com atenção ao tanque?’”, relatou também à Reuters. “Desenterrei-a cheio de medo. Toda a gente estava a fazer o mesmo, a desenterrar cheios de medo.”

A agência Associated Press relatou que segundo os registos de um dos hospitais do Sul que recebeu mortos e feridos, dos 15 membros da família Al-Farra, 13 eram crianças.

Enquanto isso, no Norte, forças israelitas cercaram a hospital Kamal Adwan, um dos últimos com alguns serviços, embora cada vez menores, dessa parte do território.

O alto-comissário das Nações Unidas para os Direitos Humanos, Volker Türk, declarou que a ofensiva actual no Norte será “o momento mais negro” da guerra.

“É inimaginável, mas a situação está a piorar de dia para dia. As políticas e práticas do Governo israelita no Norte de Gaza trazem o risco de esvaziar a área de todos os palestinianos”, disse Türk, citado pelo Guardian. “Estamos perante o que poderá ser equivalente a atrocidades, incluindo, potencialmente, crimes contra a humanidade.”

O director-geral da Organização Mundial de Saúde (OMS) Tedros Adhanom Ghebreyesus escreveu no X que na noite anterior foi possível fazer chegar ao hospital 180 unidades de sangue, material cirúrgico e medicamentos para cerca de 5000 doentes, e que foi possível transferir 23 doentes e 26 funcionários para o Hospital Al-Shifa, na Cidade de Gaza. Mas notava que o hospital já estava sobrecarregado com “200 feridos – uma torrente constante de casos terríveis de trauma”.

E, pior, “deste os relatos desta manhã [desta sexta-feira] perdemos contacto com o pessoal lá”, continuou. “Este desenvolvimento é profundamente perturbador dado o número de pacientes a ser tratados e das pessoas a procurar abrigo no local.”

Segundo o ministério da Saúde da Faixa de Gaza, citado pelo diário britânico The Guardian, foram detidos “centenas de pacientes, funcionários e pessoas que procuraram no hospital refúgio dos bombardeamentos contínuos”. Em casos anteriores, suspeitos presos em Gaza ficaram desaparecidos semanas por exemplo no centro de detenção de Sde Teiman, com alegações de maus-tratos e tortura sistemáticos, alegações feitas por médicos israelitas destacados para trabalho nesses locais.

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