Quanto vale a palavra de Ventura?

O que está em causa é saber que credibilidade emprestamos a um homem que já provou ser capaz de dizer tudo e o seu contrário e que faz da total ausência de escrúpulos uma eficacíssima arma política.

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Não é só Pedro Nuno Santos que se pode queixar dos dias difíceis como líder da oposição. O papel é ingrato para quem quer que o desempenhe. Tem sido assim desde sempre e também Luís Montenegro teve de fazer o seu difícil caminho das pedras quando chegou à liderança do PSD, ainda durante o consulado de António Costa. As expetativas de que Montenegro viesse a protagonizar uma viragem na governação do país não eram, à época, exatamente muito elevadas. Aos olhos de boa parte dos portugueses, o seu estilo como líder parlamentar, sendo combativo e porventura eficaz, não tinha sido propriamente simpático ou agregador e, sobretudo, trazia à memória os dias difíceis da troika. A candidatura falhada à liderança do PSD em 2020 não terá também contribuído para mudar radicalmente a sua imagem pública. Não terão sido muitos os que se impressionaram então pelas suas ideias ou os que se sentiram particularmente mobilizados pelo seu projeto para o país. Provavelmente por tudo isso, e obviamente também porque ninguém adivinharia uma débacle da maioria absoluta de António Costa, no interior do seu próprio partido, Montenegro foi sempre visto como um líder de transição. Muitos eram os que esperavam na sombra pelo primeiro desaire para uma oportuna defenestração. Ninguém esperava que sobrevivesse às europeias. Vários ficaram, aliás, com os planos gorados.

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