OE2025: PCP anuncia voto contra e critica proposta “desejada pelo grande capital”

“Votaremos contra porque nos opomos a este Governo, a este caminho e a esta política”, disse Paulo Raimundo, que defende que “há alternativa”.

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Paulo Raimundo interveio na sessão de abertura das jornadas parlamentares do PCP TIAGO PETINGA / LUSA
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O secretário-geral do PCP considerou esta segunda-feira que a proposta de Orçamento do Estado para 2025 (OE2025), "desejada pelo grande capital", agravará problemas e não responde às necessidades do país e anunciou que o partido vai votar contra.

"O facto de este Governo ser um Orçamento desejado pelo grande capital garante-lhe que, para lá do Governo, outros se mostrem disponíveis para o aprovar. Da parte do PCP, votaremos contra este Orçamento", anunciou Paulo Raimundo no início das jornadas parlamentares do PCP, na Assembleia da República.

O secretário-geral do PCP frisou que o partido votará "contra as injustiças e desigualdades que o Orçamento contém", "contra a transferência de milhares de milhões de euros de recursos públicos para os bolsos do capital", "contra a política de baixos salários, degradação dos serviços públicos, de privatizações e concessões".

"Votaremos contra porque nos opomos a este Governo, a este caminho e a esta política. E votaremos contra porque sabemos que há alternativa, um outro caminho, um outro Orçamento e uma outra política que é possível", afirmou.

Paulo Raimundo defendeu que, "para lá de uma espessa cortina de propaganda e manobras de distracção", o Governo e o Orçamento do Estado prosseguem e aprofundam "ainda mais a política do Governo anterior, de maioria absoluta do PS, política ao serviço dos grupos económicos e financeiros, que agrava as condições de vida, aprofunda injustiças e desigualdades".

"É, aliás, significativo que PSD e CDS continuem a governar, e sem nenhuma dificuldade, com o Orçamento aprovado pelo anterior Governo. E não deixa de ser curioso que o PS, independentemente do que venha a ser a sua votação final, se identifique com a generalidade da proposta", criticou.

"Diferenças que não existem"

No que se refere ao Chega e à Iniciativa Liberal, Paulo Raimundo considerou que "a voz grossa e o aumento de decibéis têm servido para aparentar diferenças que não existem". "Estão de acordo em tudo o que é fundamental, separa-os o ritmo com que querem implementar as políticas neoliberais de aumento das injustiças e desigualdades, concentração de riqueza, privatizações e destruição de serviços públicos", disse.

Numa análise ao Orçamento, Paulo Raimundo defendeu que o que a proposta faz é "bloquear o aumento dos salários, atirar para o fim da legislatura o que deveria ser fixado já em Janeiro, apontar para um aumento na função pública abaixo da inflação prevista para 2025, e limita o aumento das pensões de reforma, optando por medidas pontuais e insuficientes, quando um milhão de reformados recebe menos de 510 euros por mês".

"O que faz é canalizar para os grupos privados o investimento, os meios e os profissionais que tanta falta fazem ao Serviço Nacional de Saúde (SNS). Nenhuma propaganda faz apagar que cerca de metade dos 16,7 milhões de euros previstos para a saúde vão para os grupos económicos que ganham com o negócio da doença", afirmou.

O secretário-geral do PCP salientou ainda que, "só em parcerias público-privadas, não só na saúde como também na ferrovia e na rodovia", o Orçamento "prevê desviar 1.538 milhões de euros para os grupos económicos".

Paulo Raimundo considerou ainda que mantém "sem resposta as reivindicações dos professores", assim como os "problemas no acesso à habitação", continua a deixar "milhares de crianças de fora da creche gratuita", persiste "nos crimes económicos das privatizações, como é o caso da TAP" e "aprofunda ainda mais a injustiça fiscal, com 1.800 milhões de euros em benefícios fiscais, que favorecem sobretudo 0,1% das empresas".

"A verdade é que as medidas de que o país precisa não as encontra nesta proposta de Orçamento do Estado. Mas lá estão de facto as medidas que servem aos grupos económicos e financeiros, medidas a que nem Chega, nem a IL, nem tampouco o PS se opõem", afirmou.