Na hora da saída, Lucília Gago reconhece falta de coesão no Ministério Público
O Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, dá este sábado posse a Filipa Urbano Calvão como nova presidente do Tribunal de Contase a Amadeu Guerra como novo procurador-geral da República.
No último dia do seu mandato como procuradora-geral da República, Lucília Gago deixou uma curta nota no site da PGR onde acaba por reconhecer a falta de coesão no Ministério Público.
"Norteada sempre e exclusivamente pelo propósito de serviço público, em prol da Procuradoria-Geral da República e do Ministério Público, apraz-me reconhecer o esforço e a abnegação de muitos. Apenas esse propósito permitirá conferir maior unidade e coesão a esta magistratura, potenciando melhores resultados", escreve Gago, poucas horas antes de o Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, dar posse este sábado ao novo procurador-geral, Amadeu Guerra, bem como a Filipa Urbano Calvão como nova presidente do Tribunal de Contas (TdC) .
Amadeu Guerra, de 69 anos, nascido em Tábua (Coimbra) e licenciado pela Faculdade de Direito da Universidade de Lisboa, desempenhou diversas funções como magistrado do Ministério Público (MP), mas tornou-se mais conhecido quando, entre 2013 e 2019, se tornou direcor do Departamento Central de Investigação e Acção Penal (DCIAP), o departamento que investiga a grande corrupção e a criminalidade económico-financeira mais grave e complexa.
O magistrado foi escolhido para a direcção do DCIAP no mandato da então PGR Joana Marques Vidal.
Sob a sua liderança, o DCIAP investigou processos mediáticos como a Operação Marquês (que tem como principal arguido o ex-primeiro-ministro José Sócrates), o caso BES/GES ou a Operação Fizz, que levou à acusação e condenação por corrupção do procurador Orlando Figueira, que, por ironia, pertenceu ao DCIAP e está a cumprir pena na cadeia de Évora.
A ministra da Justiça, Rita Alarcão Júdice, considerou Amadeu Guerra "a pessoa certa, no lugar certo, no momento certo" e disse depositar "grandes esperanças" num "virar de página" na Procuradoria-Geral da República durante o mandato de seis anos.
Já Filipa Urbano Calvão assume agora um mandato de quatro anos no TdC, depois de ter sido presidente da Comissão Nacional de Protecção de Dados, entre 2012 e 2023, e é a primeira mulher a presidir ao Tribunal de Contas.